O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (01/11) que não vai à posse do presidente eleito na Argentina, Alberto Fernández, que venceu no último domingo (27/10).
Com a posse marcada para o dia 10 de dezembro, Bolsonaro afirmou aos jornalistas que estavam no Palácio da Alvorada, em Brasília, que está decidido sobre o assunto.
“Torci, torci, pelo outro, mas não ganhou, vamos em frente. Da minha parte, não tem qualquer retaliação. Espero que eles continuem fazendo uma política conosco, semelhante à que o [Maurício] Macri fez até o momento”, disse.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
Após a vitória de Fernández, no primeiro turno das eleições argentinas, o mandatário brasileiro se recusou a cumprimentar o presidente eleito pela conquista na eleição. Bolsonaro chegou a lamentar o fato e disse que Fernández “afrontava a democracia brasileira” pelo fato do argentino defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“É um afronto à democracia brasileira e ao sistema judiciário brasileiro. Ele está afrontando o Brasil de graça”, disse enquanto estava em viagem oficial no Catar.
Fernández, que encabeça a chapa formada pela ex-presidente Cristina Kirchner como vice, venceu a eleição na Argentina. A vitória da chapa Fernández-Cristina representa o retorno dos peronistas ao poder e o fim do governo neoliberal de Macri.
Palácio do Planalto
Presidente afirmou que está decidido em não comparecer à posse de Alberto Fernández, na Argentina
Chancelaria
O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Jorge Faurie, anunciou nesta quinta-feira (31/10) que enviou uma carta pessoal ao embaixador do Brasil no país, Sergio Danese, sinalizando um protesto contra as declarações de Bolsonaro sobre a vitória de Fernández.
“Não podemos ficar limitados a pequenas frases, às vezes inapropriadas, para solucionarmos isso. Existem canais para fazer conhecer a posição do governo argentino, porque tanto o Brasil como a Argentina estamos relacionados com o mundo através de nosso relacionamento bilateral. Comentei isso em ma nota de caráter pessoal que enviei ontem [quarta-feira] ao embaixador do Brasil sobre algumas coisas que aconteceram ontem”, afirmou o chanceler.
Faurie afirmou que o envio da mensagem foi aprovada pelo próprio mandatário argentino Mauricio Macri, que autorizou o protesto formal para contribuir para a transição de governo de forma organizada.
Cumprimentos ao presidente eleito
O mandatário brasileiro foi o único líder de uma nação a se recusar a cumprimentar o peronista pela vitória nas eleições da Argentina.
Após as eleições, o ex-presidente Lula publicou uma carta desejando boa sorte ao presidente eleito e sua vice e agradeceu à solidariedade prestada a ele e ao Brasil.
“Desejo que vocês façam uma boa governança e cuidem com carinho dos nossos irmãos e irmãs argentinos”, diz Lula no texto. “A América Latina pouco a pouco vai reencontrando seus laços de fraternidade e respeito”, completa.