Atualizada às 20h09
O presidente da Bolívia, Evo Morales, renunciou ao cargo neste domingo (10/11) após um golpe de Estado inciado pelos partidos opositores que perderam as últimas eleições presidenciais. O anúncio veio depois de os militares “sugerirem” que ele renunciasse.
“Lamento muito este golpe. A luta não termina aqui”, disse o presidente, durante discurso após a renúncia. “Até aqui, chegamos pela pátria, não pelo dinheiro. Se alguém diz que estamos roubando, que apresente uma prova sequer. […] Não estou escapando. Nunca roubei, que demonstrem se roubei. Foi um golpe cívico-policial”, disse o presidente.
Morales ainda destacou que sua renúncia se dava na intenção de pacificar o país, ao mesmo tempo em que condenou as atitudes dos líderes opositores Carlos Mesa, candidato derrotado no último pleito, e Luis Fernando Camacho.
O vice-presidente boliviano, Álvaro Garcia Linera, também renunciou ao cargo e afirmou que “o golpe de Estado se consumou”.
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“Estamos renunciando para não que golpeiem mais nossa gente. Seguiremos lutando. Dedicamos nossa vida para defender os pobres e humildes e seguiremos lutando”, disse Linera.
Neste tarde, As Forças Armadas e o comandante-geral da polícia se uniram aos opositores e pediram a renúncia de Evo.
ABI
"Lamento muito esse golpe. A luta não termina aqui", disse Evo
“À Bolívia, a seu povo, aos jovens, às mulheres, ao heroísmo da resistência pacífica. Nunca me esquecerei deste dia único. O fim da tirania. Agradecido como boliviano por esta lição histórica”, disse.
Minutos depois da renúncia de Evo, a presidente do Senado boliviano, Adriana Salvatierra, que seria a próxima na linha sucessória do país, renunciou ao cargo. O presidente da Câmara, Víctor Borda, havia renunciado mais cedo. A Constituição do país não diz quem herda o cargo em uma situação como esta.
Militares pediram renúncia
O comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kalliman, pediu na tarde deste domingo que Morales renunciasse ao cargo.
“Ao analisar a situação conflituosa interna, sugerimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial, permitindo a pacificação e a permanência da estabilidade pelo bem de nossa Bolívia”, disse o comandante.
Desde a vitória de Evo nas últimas eleições presidenciais, os partidos de oposição têm se recusado a aceitar os resultados e incitam um golpe de Estado contra o governo do Movimento ao Socialismo (MAS).
O comandante geral da polícia boliviana, Yuri Calderón, também aderiu ao pedido de renúncia da Evo. “Nos somamos ao pedido do povo boliviano de sugerir ao senhor presidente Evo Morales que apresente sua renúncia para pacificar o povo da Bolívia”, disse.