Os bloqueios nas vias de acesso a La Paz, feita por indígenas e outros apoiadores do presidente exilado Evo Morales contra o governo autoproclamado do país, impedem a chegada de gasolina e diesel à capital, levando o país, a partir desta segunda (18/11), a importar combustível de Peru e Chile.
“Estamos fazendo operações para deixar o mínimo de combustível no dia de hoje”, disse Víctor Hugo Zamora, ministro de Hidrocarbonetos do governo autoproclamado de Jeanine Áñez.
Os bloqueios acontecem em El Alto, cidade da região metropolitana de La Paz, e onde fica, também, o aeroporto que serve à capital boliviana. É em El Alto que está localizada a planta Senkata, responsável pela distribuição de combustível na região. Neste final de semana, os manifestantes decidiram manter fechadas as vias de acesso ao município, como forma de pressão para pedir a renúncia de Áñez, além de construir valas a fim de dificultar a passagem dos veículos de transporte.
A falta de combustível nas ruas de La Paz provoca, também, outros efeitos. Segundo o jornal La Razón, a coleta de lixo foi praticamente paralisada, já que os caminhões recolhedores não podem ser abastecidos, e o governo da cidade pediu que os moradores evitem tirar o lixo para fora de casa. A prefeitura tenta montar uma operação de emergência para recolher as cerca de 46 toneladas que estão nas ruas.
ABI
Bloqueios impedem chegada de combustível a La Paz e afetam abastecimento de comida e coleta de lixo
“Rogamos, instamos aos habitantes não tirar o lixo de casa. Podemos gerar uma situação difícil na cidade. Façamos, por favor, o esforço de manter o lixo dentro de nossas casas, na medida em que seja possível. Inclusive, os resíduos orgânicos, que podem ser depositados nos jardins, nos vasos de planta, na medida que seja possível, de maneira a evitar maus odores dentro das casas”, afirmou, neste domingo (17/11), o prefeito Luis Revilla.
De acordo com La Razón, também há lixo acumulado na cidade de Cochabamba, uma das maiores do país, por conta de bloqueios.
Fila para o frango
Há registros, também, do desabastecimento de comida. Segundo La Razón, filas para comprar frango foram vistas em diversos pontos da cidade, em uma operação do governo para venda da proteína a 35 bolivianos a unidade (cerca de R$ 21).
A operação foi montada após a escassez do produto provocada pelos bloqueios. Em alguns mercados da cidade, a peça chegou a ser vendida a Bs 95 (quase R$ 58) durante o final de semana.