A Defensoria do Povo, órgão estatal para promoção dos direitos humanos na Bolívia, exigiu nesta terça-feira (19/11) que as Forças Armadas do país sejam desmobilizadas e parem de reprimir os protestos contra o governo da autoproclamada presidente Jeanine Áñez.
O pedido veio após ao menos cinco pessoas serem mortas na repressão ao bloqueio de uma refinaria em El Alto, na região metropolitana de La Paz.
“Neste momento, as intervenções policiais e militares no país estão gerando morte e dor no povo boliviano, e há que se ter consciência de que a primeira ação de pacificação quem tem que realizar é o Estado, é desmilitarizar”, disse a defensora Nadine Cruz, de acordo com o jornal La Razón.
Ela disse que o órgão, que é independente do governo boliviano, já pediu a Áñez que derrube o decreto que eximiu de responsabilidade militares que participam das operações de repressão. Além disso, anunciou que levou à Justiça uma ação de inconstitucionalidade contra a medida.
“[É para] Lembrar a polícia e os militares que não há decreto, lei, nem Constituição que os salve de um juízo penal ordinário destes casos. É momento de dialogar, mas dialoguemos a sério, sem perseguir, nem intervir, sem balas, nem mortos”, disse.
Defensoria
Defensoria do Povo quer Exército fora da repressão a manifestantes na Bolívia
Refinaria
Manifestantes que se encontravam ao redor da refinaria Senkata, em El Alto, cidade da região metropolitana de La Paz, foram reprimidos nesta terça-feira com violência por militares e policiais, que agiam sob ordens de Áñez. O bloqueio impedia a saída de combustíveis em direção à capital boliviana. Pelo menos cinco pessoas morreram.
Segundo um dos manifestantes, um contingente da polícia, junto com helicópteros militares, chegou ao local e lançou bombas de gás lacrimogêneo, além de disparar tiros nos que estavam na frente da planta.
O governo nega que os tiros tenham sido disparados pelas Forças Armadas, e disse que operação foi prevista para ser “pacífica”.
O bloqueio acontecia desde o momento em que o golpe contra o então presidente Evo Morales se consumou, na semana passada. Os manifestantes no local pedem a renúncia de Áñez e a liberdade dos detidos durante a onda de protestos.
Pouco antes da operação, o ministro de Hidrocarbonetos, Víctor Zamora, disse que havia instruções da presidente para a ação. “Temos a instrução de nossa presidenta de trabalhar todo o dia para conseguir este reabastecimento. Estaremos prontos para distribuir e normalizar todo o abastecimento de líquidos aos postos da cidade baixa [La Paz] no momento em que nos deem uma via de acesso”, afirmou.