A greve geral que mobilizou diversos movimentos populares e paralisou as principais cidades da Colômbia nesta quinta-feira (21/11) entrará para a história como uma das maiores mobilizações do país. Essa é a avaliação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) colombiana sobre o dia de paralisações que levou milhões de pessoas às ruas para protestar contra contra as privatizações e o pacote de medidas trabalhistas e previdenciárias do presidente Iván Duque.
Cidades como Medellín, Barranquilla, Cali e a própria capital, Bogotá, tiveram alta adesão de manifestantes durante atos e marchas que se realizaram desde as primeiras horas do dia.
Entretanto, ainda foram registrados vários episódios de repressão contra os manifestantes. Em Cali, o governo local decidiu instituir um toque de recolher a partir das 19h “diante dos bloqueios e tentativas de saques que foram registrados”. Na cidade, as forças de segurança reprimiram uma manifestação estudantil que se estendia pela avenida principal.
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Em Bogotá, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios da Polícia Nacional da Colômbia (Esmad) agrediu diversos manifestantes.
#ParoNacional21N pasará a la historia como una de las movilizaciones más grandes de la historia de #Colombia.#21NSomosTodos luchando contra el #PaquetazoDeDuque la OCDE y el FMI pic.twitter.com/ikd0Ynywms
— CUT Colombia (@cutcolombia) November 21, 2019
Ainda na capital, grupos isolados tentaram ocupar a prefeitura. Por sua vez, a prefeita recém-eleita de Bogotá, Claudia López, se juntou às marchas e caminhou em direção à praça Bolívar, no centro da cidade, onde milhares de pessoas se concentraram em frente à sede do governo colombiano. No final da tarde, a praça ficou repleta de manifestantes.
CUT/Reprodução
No final da tarde, a praça Bolívar, em Bogotá, ficou repleta de manifestantes
Em Medellín, segunda maior cidade do país, os sindicatos, estudantes e movimentos populares se uniram em uma marcha que tomou uma das principais avenidas do município, a Ocidental. O presidente do partido FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum), Rodrigo Londoño, o Timochenko, foi visto participando da marcha na cidade, junto a outros membros da agremiação.
Em Barranquilla, as marchas se encerraram por volta das 17h. As autoridades afirmaram que nenhuma ocorrência de violência por parte da polícia foi registrada e que os serviços de transporte público já foram reativados.
No interior do país, professores e estudantes das comunidades indígenas da etnia wayuú, de Alta Guajira, aderiram à greve geral e marcharam contra o governo de Iván Duque.
#Guajira | Comunicades indígenas wayuú de la Alta Guajira se unieron al paro nacional de este 21 de noviembre. Estudiantes y profesores marcharon para exigir más presencia del Estado en esta región del país. ?: Eliana Mejía ► https://t.co/G9T6nFAIDf pic.twitter.com/1pgCejX0Ae
— EL TIEMPO (@ELTIEMPO) November 21, 2019
A (não) reação de Duque
O presidente Iván Duque, até o momento, não falou sobre a mobilização que toma conta das principais cidades do país. Ele compareceu nesta manhã à entrega de um prêmio para líderes do Judiciário e não fez nenhuma referência à greve geral.
Na quarta (20/11), em discurso na TV, Duque disse que seu governo “escuta” os manifestantes e que ir às ruas é um direito. “Sabemos que são muitos os desafios que, como país, temos que superar. Que são válidas muitas das aspirações sociais e que temos problemas que, ao longo da história, envelheceram mal. Por isso, trabalhamos de dia e de noite para encontrar alternativas e superar os obstáculos, como temos feito como nação ao longo de nossa história”, disse.
Na semana passada, Duque autorizou que militares (camuflados e armados com fuzis) fossem às ruas de Bogotá para “ajudar” a Polícia Nacional, segundo disse, à Caracol Notícias, o major Luis Fernando Barco. “Que nossa gente da capital, do centro de Bogotá se dê conta de que o Exército Nacional da Colômbia está em Bogotá e está acompanhando a Polícia Nacional”, afirmou.