O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o mandatário da Ucrânia, Vladimir Zelenski, se reuniram nesta segunda-feira (09/12) na sede do governo francês, em Paris, em cúpula que pretende iniciar as discussões para colocar fim ao conflito armado na fronteira entre ambos os países de tropas ucranianas contra separatistas pró-Moscou.
Segundo diplomatas de ambas as chancelarias ouvidos pela agência Sputnik, a reunião não pretende levar a um acordo de paz tão cedo, mas sim abrir um “canal de diálogo” entre os dois países. Esta é a primeira vez que Putin se encontra com o presidente ucraniano. O encontro conta com a mediação da França e da Alemanha e está sendo chamado de Cúpula do Quarteto da Normandia, já que a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron também estão presentes no encontro.
A cúpula desta segunda-feira é a primeira em três anos que busca implementar os acordos assinados em Minsk em 2015 que exigem a retirada de armas pesadas, a restauração do controle de Kiev sobre suas fronteiras, maior autonomia para Donetsk e Lugansk e a realização de eleições locais.
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Mais cedo, Putin e Zelenski aproveitaram para realizar encontros bilaterais com Merkel e Macron separadamente, anetes de se sentarem os quatro à mesa de negociações. Segundo a Sputnik, o encontro dos quatro líderes foi suspenso temporariamente após duas horas para uma reunião bilateral entre os líderes de Moscou e Kiev.
O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Vadym Prystaiko, reafirmou as principais exigências de seu país de um “cessar-fogo total e permanente, nosso controle sobre as fronteiras de um Estado unitário e indivisível, o desarmamento e o desmantelamento de grupos armados ilegais, eleições locais de acordo com nossa legislação”.
Michael Metzel/TASS/Kremlin
Encontro conta com a mediação da França e da Alemanha
Por sua vez, o Kremlin, apesar de transmitir abertura com Zelensky, a quem Putin descreveu como “agradável” e “sincero”, buscará o fim das sanções europeias por conta do conflito.
O chanceler da Alemanha, Heiko Maas, disse à imprensa alemã que “precisamos fazer tudo o que pudermos […] para avançar no processo de paz ucraniano” e descreveu o conflito como “uma ferida purulenta na Europa”. Maas ainda elogiou Zelensky por trazer “novo ímpeto” às negociações, acrescentando que “para progredir nos próximos passos difíceis, a Rússia também precisa agir”.
Conflito armado
Segundo dados da ONU, milhares foram mortos e um milhão fugiu de suas casas desde que milícias contrárias ao governo de Kiev no leste da Ucrânia lançaram uma tentativa de independência em 2014 – dando início a um conflito armado.
Tropas separatistas pró-Rússia assumiram o controle das regiões de Donetsk e Lugansk logo após o referendo que anexou a Crimeia, então parte do território ucraniano, à Rússia.
A questão da Crimeia, cuja anexação levou à imposição de sanções internacionais contra Moscou, não esteve em discussão nesta cúpula em Paris.
Os objetivos do encontro incluíram acordos para dissolver milícias ilegais, a saída de combatentes estrangeiros de Donetsk e Lugansk, e a Ucrânia retomar o controle de sua fronteira com a Rússia.
As partes também consideram importante concordar com um calendário para as eleições locais nas regiões controladas pelos separatistas.
*Com Sputnik