O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se reuniu nesta quarta-feira (08/01) com Vladimir Putin, mandatário da Rússia, em Istambul, capital turca, para debater a escalada de tensão entre os Estados Unidos e o Irã. Após a conversa, Erdogan falou que países querem evitar derramamento de “lágrimas e sangue” no Oriente Médio.
“Nós usaremos todos os meios necessários para evitar que nossa região se afunde em lágrimas e sangue”, disse o presidente turco. Após o encontro, os governos da Rússia e da Turquia emitiram um comunicado conjunto afirmando que ambos os países estão “profundamente preocupados” com a atual situação do Oriente Médio. Os líderes se comprometeram em reduzir a escalada de tensão.
“Consideramos a operação dos EUA contra o comandante das forças especiais Quds da Guarda Revolucionária Islâmica Qassim Soleimani, e os que o rodeiam em Bagdá, como um ato que compromete a segurança e a estabilidade na região”, afirma a nota.
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Em relação ao ataque com mísseis realizado na madrugada desta quarta-feira pelo Irã contra uma base aérea de Al Asad, que fica no oeste de Iraque e abriga tropas norte-americanas, os mandatários disseram que a “troca de ataques e o uso da força de ambos os lados não contribui para encontrar soluções para os problemas”.
“Neste momento crítico em que os tambores de guerra tocam, queremos diminuir a tensão usando todos os canais diplomáticos”, disse o mandatário turco. Erdogan ainda afirmou que a Turquia está ao lado do povo iraquiano e que não quer “campos de batalha” na região.
Kremlin
Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan se encontram na Turquia nesta quarta-feira
“Como Turquia, não queremos que o Iraque, a Síria, o Líbano ou a região do Golfo, onde ocorre mais de 30% do comércio marítimo de energia, se transformem em campos de batalha para guerras de tutela”, afirmou o presidente da Turquia. Segundo Erdogan, a “segurança de nossos irmãos turcomenos iraquianos também é tão importante como a de nossos próprios cidadãos”.
Por sua vez, Putin disse que “estamos vivendo em um mundo difícil” e que, “infelizmente, existem alguns atos que visam aumentar a tensão em nossa região, mas a Turquia e a Rússia apresentam um exemplo muito diferente”.
“Sempre nos opomos a interferências estrangeiras e conflitos intercomunitários. Nesse sentido, comprometemo-nos a reduzir a tensão na região e instamos todas as partes a agir com moderação, demonstrando bom senso e priorizando os meios diplomáticos”, disse Moscou em nota conjunta.
A Rússia já havia condenado o que chamou de “ação ilegítima” dos EUA na região do Oriente Médio. O ministro das Relações Exteriores de Putin, Sergei Lavrov, falou com o chanceler do Irã, Javad Zarif, e ambos concordaram que os EUA não estão diminuindo, mas sim aumentando as tensões regionais.
Ataque iraniano
Na madrugada desta quarta-feira, o Estado iraniano lançou dezenas de mísseis que atingiram a base aérea de Al Asad, localizada na região oeste do Iraque, e que hospeda forças norte-americanas.
Um comunicado emitido pela guarda Revolucionária do Irã afirma que “na Operação Mártir Soleimani, nas primeiras horas desta quarta-feira, dezenas de mísseis terra-terra foram disparados contra a base dos Estados Unidos Al Assad e atingiram com sucesso”. Javad Zarif, ministro das relações exteriores do Irã, escreveu no Twitter que o país agiu em autodefesa: “Não queremos guerra, mas nos defenderemos contra qualquer agressão.”
O ataque é uma retaliação pela morte do general iraniano Soleimani, ocorrida na última quinta-feira (02/01).
EUA
Em discurso na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não houve mortes de nenhum norte-americano no ataque iraniano contra a base aérea. O mandatário ainda disse que novas sanções serão impostas ao Irã e declarou que os EUA querem paz.
“Nós queremos que vocês tenham um futuro, aquilo que vocês merecem de prosperidade e harmonia junto com outras nações do mundo. Os EUA querem paz”, disse.
O presidente voltou a afirmar que Soleimani era o “maior terrorista” do Oriente Médio e que o general “promoveu” treinamentos de muitos soldados.