Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Podcasts
Política e Economia

Especialista aponta contradições na postura dos Estados Unidos em relação ao Irã

Encaminhar Enviar por e-mail

Professor de relações internacionais afirma que estadunidenses ignoraram abertura à negociação

Pedro Carrano

Brasil de Fato Brasil de Fato

Curitiba (Brasil)
2020-01-10T16:23:57.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

Andrew Traumann leciona História das Relações Internacionais na Faculdade Unicuritiba, na capital paranaense. Estudioso do Irã há vinte anos, ele conversa com o Brasil de Fato sobre a repercussão após o contra-ataque iraniano contra duas bases estadunidenses e após o pronunciamento de Trump. Na avaliação dele, a resposta militar iraniana teve peso para garantir momentânea estabilidade na região: “Os futuros enfrentamentos tendem a ser indiretos. Algum atrito no Iêmen, na Síria, esses devem continuar. Um enfrentamento direto seria desastroso para toda a região, pois o Irã não hesitaria em atacar Israel, que certamente revidaria, o que levaria a um conflito generalizado em toda região, causando danos humanos e econômicos impensáveis”, afirmou. Confira a entrevista completa: 

Brasil de Fato. Na sua opinião existe alguma justificativa para uma intervenção que os EUA vêm sinalizando desde antes de 2018?

Andrew Traumann. Antes de mais nada, gostaria de fazer um breve recuo histórico. Para entendermos a geopolítica do Oriente Médio é necessário compreender que a região é formada por diversos grupos étnicos, especialmente entre os muçulmanos. A primeira confusão nesse debate é achar que todo o muçulmano é árabe. Mas não, apenas 18% dos muçulmanos são árabes. Os persas, os turcos, há várias etnias não árabes que são muçulmanas. O Irã é um país persa e o Império Persa foi um dos maiores da Antiguidade. Mesmo islamizados, os persas jamais abriram mão de seu orgulho e de seu nacionalismo. Há inclusive estudiosos que afirmam que os persas se voltaram ao ramo xiita do islamismo como forma de resistência ao expansionismo árabe, como se dissessem: “aceitamos sua religião, mas escolhemos um segmento que tem mais a ver com a nossa identidade”. Assim, temos que entender o Irã como um país diferente: persa e xiita num mar de países árabes e sunitas. Durante o governo do Xá Reza Pahlevi, o Irã era um país totalmente alinhado aos EUA, mas tal cenário muda a partir da Revolução Iraniana de 1979, quando passa a haver uma postura de enfrentamento com os EUA e com Israel. Após a tomada da embaixada norte-americana em Teerã, EUA e Irã rompem relações diplomáticas, situação que se mantém inalterada até hoje. O Irã passa então a ficar isolado, sofre embargo do mundo inteiro e encontra aliados na Síria e no Líbano. Neste último, com um grupo xiita criado com ajuda iraniana, chamado Hezbolah, formando o que muitos estudiosos chamam de “Arco Xiita” ou “Arco da Resistência”, pois esse trio resiste à hegemonia na região representada por Arábia Saudita, EUA e Israel.


FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI


A reação do Irã com os bombardeios, em resposta ao assassinato do general Soleimani, e um discurso mais ameno de Trump no dia seguinte, podem representar um equilíbrio momentâneo para a situação?

O ataque do Irã como a resposta ao Trump mostra essa distensão, arrefecimento da situação, parece que ambos estão satisfeitos. Afinal, o Irã respondeu. No fundo, nenhum dos dois tem interesse num conflito aberto. Mesmo que o ataque estadunidense tenha sido mais violento, matando o General Soleimani, o fato é que o Irã contra-atacou e não foi retaliado. Ao contrário, Trump está falando em diálogo com o Irã. Digamos que ambos estão satisfeitos com o empate.

Vahid Ahmadi/Tasnim
Manifestantes queimam bandeiras de Israel e Estados Unidos em funeral do general Qassim Soleimani

Analistas se debruçam muito neste momento se pode haver ou não enfrentamentos diretos entre os dois países, envolvendo inclusive China e Rússia.

Acho interessante a gente destacar aqui que os futuros enfrentamentos tendem a ser indiretos. Algum atrito no Iêmen, na Síria, esses devem continuar. Um enfrentamento direto seria desastroso para toda a região, pois o Irã não hesitaria em atacar Israel, que certamente revidaria, o que levaria a um conflito generalizado em toda região causando danos humanos e econômicos impensáveis.

Qual é o impacto do embargo econômico que o Irã vem sofrendo?

Não é tão severo como o embargo a Cuba, por exemplo, mas é muito complicado no que se refere à importação de peças para carros, aviões, vários tipos de tecnologia têm muita dificuldade para entrar no Irã. Os aviões também são muito antigos e há dificuldade em adquirir novas aeronaves. O embargo atinge principalmente o setor automotivo, petroleiro e bancário para isolar o país no sistema internacional e forçá-lo a negociar. O Acordo P5+1 causou um certo alívio na economia iraniana ao liberar fundos do governo congelados na Europa e EUA há quase 40 anos.

O atual presidente, Hassan Rouhani, desde 2014 sinaliza abertura às negociações, participou do Grupo 5 + 1. Neste sentido, a posição hostil dos EUA soa contraditória.

Em 2010, o Brasil participou de acordo com o Irã, Brasil e Turquia. O ex-chanceler Celso Amorim intermediou, e basicamente o que a União Europeia estava querendo era uma troca simultânea na qual o Irã entregaria 1200 quilos de urânio a 3,5% de enriquecimento e receberia 120 quilos enriquecidos a 20%, só que a troca seria feita pela França, e o Irã não confiava na França. Então, Brasil e Turquia convenceram o Irã a aceitar a intermediação turca. No entanto, o acordo acabou não sendo levado em consideração pelo governo Obama e mais sanções foram impostas a Teerã. Mais tarde, o Acordo 5 + 1 foi muito mais duro para o Irã, pois o máximo de enriquecimento permitido era de 3,5%. Note que, para se construir uma bomba atômica, é necessário possuir urânio enriquecido a 90%. A acusação norte-americana e de Israel é que o governo iraniano estaria utilizando os fundos recém-liberados para desenvolver clandestinamente seu programa nuclear. No entanto, não há nenhuma informação consistente nesse sentido, tanto é que os demais países membros do Acordo 5+1 (Grã-Bretanha, Alemanha, França, Rússia e China) permaneceram apoiando o acordo.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

Encaminhar Enviar por e-mail

Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

Você que chegou até aqui e que acredita em uma mídia autônoma e comprometida com a verdade: precisamos da sua contribuição. A informação deve ser livre e acessível para todos, mas produzi-la com qualidade tem um custo, que é bancado essencialmente por nossos assinantes solidários. Escolha a melhor forma de você contribuir com nosso projeto jornalístico, que olha ao mundo a partir da América Latina e do Brasil.

Contra as fake news, o jornalismo de qualidade é a melhor vacina!

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Endereço: Avenida Paulista, nº 1842, TORRE NORTE CONJ 155 – 15º andar São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 4118-6591

  • Contato
  • Política e Economia
  • Diplomacia
  • Análise
  • Opinião
  • Coronavírus
  • Vídeos
  • Expediente
  • Política de privacidade
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados