O primeiro-ministro do Governo do Acordo Nacional (GNA), Fayez Sarraj, e o líder Exército Nacional Líbio (LNA), marechal Khalifa Haftar, chegaram em Moscou, capital da Rússia, nesta segunda-feira (13/01), e se reunirão ainda hoje para discutir a situação da disputa pelo controle da Líbia.
“No contexto da iniciativa dos presidentes da Rússia e da Turquia, anunciada no final da cúpula em Istambul, hoje em Moscou serão realizadas negociações entre líbios sob os auspícios dos chefes dos ministérios das Relações Exteriores e dos ministérios da Defesa da Rússia e da Turquia”, informou o Ministério das Relações Exteriores russo.
O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, acordaram no início de janeiro uma posição comum sobre a Líbia, exigindo um cessar-fogo abrangente e negociações entre as partes em conflito.
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A situação na Líbia se agravou nas últimas semanas, quando o comandante do LNA ordenou que suas tropas avançassem sobre a capital líbia de Trípoli, controlada pelo GNA, reconhecido pela ONU. A cidade já passou por um ataque semelhante em abril de 2018, quando centenas de pessoas foram mortas e milhares de outras ficaram feridas.
Wikicommons
Fayez Sarraj e Khalifa Haftar se encontram para discutir a situação da disputa pelo controle da Líbia
Guerra civil
A Líbia se fragmentou politicamente após a queda de Muammar Kadafi, em 2011, e desde então é palco de conflitos entre milícias. Haftar é um dos principais personagens desse período e controla territórios no leste do país, baseando seu “governo” na cidade de Tobruk.
Ex-aliado de Kadafi, ele ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania norte-americana.
O conflito líbio também virou palco de uma disputa por influência entre Itália e França: enquanto Roma é aliada de Sarraj e tem um programa para treinar a Guarda Costeira do país africano para resgates de migrantes no Mediterrâneo, Paris busca legitimar o papel de Haftar na Líbia.