O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, confirmou nesta quinta-feira (16/01) que o marechal Khalifa Haftar, que lidera o Exército Nacional Líbio, havia concordado com um cessar-fogo no país.
“Ele prometeu cumprir o cessar-fogo, independentemente do fato de não ter assinado o acordo de cessar-fogo em Moscou no início desta semana. Isso é extremamente importante”, afirmou o chanceler depois de se reunir com Haftar na Líbia.
Na última terça-feira (14/01) Haftar havia deixado Moscou, na Rússia, sem assinar um acordo de cessar-fogo definitivo com o governo de união nacional chefiado pelo primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.
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O pacto havia sido firmado pelo premiê na segunda-feira (13/01), mas Haftar pedira uma prorrogação até terça para refletir e acabou decidindo ir embora para “se aprofundar” melhor nos termos do acordo e “propor alterações”.
Em sua conta no Twitter, Heiko Mass disse que Haftar também se dispôs a participar da conferência internacional liderada pela ONU sobre a Líbia.
МИД России / Flickr
Khalifa Haftar, que lidera o Exército Nacional Líbio
“Durante minha visita hoje (quinta-feira) à Líbia, o general Haftar deixou claro que deseja contribuir para o sucesso da conferência líbia em Berlim e, em princípio, está disposto a participar dela. Ele também concordou em respeitar o cessar-fogo”, disse o chanceler alemão, após as negociações em Benghazi.
Bei meinem Besuch heute in #Libyen hat General Haftar deutlich gemacht: Er will zum Erfolg der Libyen-Konferenz in Berlin einen Beitrag leisten und ist grundsätzlich bereit teilzunehmen. Er hat zugesagt, den bestehenden Waffenstillstand einzuhalten. pic.twitter.com/4VjH4yHByT
— Heiko Maas ?? (@HeikoMaas) January 16, 2020
No próximo dia 19 de janeiro Berlim sediará uma conferência liderada pela ONU sobre a Líbia que contará com a participação de Egito, Rússia, Estados Unidos e Turquia, entre outros países. É esperada a presença de chefes do Governo do Acordo Nacional (GNA) e do Exército Nacional da Líbia (LNA).
Guerra civil
Com a queda de Muammar Kadafi, em 2011, a Líbia se fragmentou politicamente e se tornou palco de conflitos entre milícias. De um lado, está o governo de união nacional guiado por Sarraj e apoiado pelos grupos armados de Trípoli e Misurata, pela ONU, pela Itália e pela Turquia; do outro, o Parlamento de Tobruk, fiel a Haftar, que tem apoio do Egito e dos Emirados Árabes.
O marechal e o Parlamento de Tobruk não reconhecem a legitimidade do governo Sarraj – instituído por uma conferência de paz no Marrocos, em 2015 – e controlam a maior parte do país, principalmente o leste e o desértico sul.
Ex-aliado de Kadafi, Haftar ajudou o coronel a derrubar o rei Idris, em 1969, mas rompeu com o ditador em 1987, após ter sido capturado no Chade. De lá, guiou, com o apoio da CIA, um fracassado golpe contra Kadafi. Por duas décadas, viveu como exilado nos Estados Unidos e ganhou cidadania norte-americana.
Haftar se inspira no presidente do Egito, que deu um golpe militar em 2013 para derrubar o islamista Mohamed Morsi e o governo da Irmandade Muçulmana, colocada na ilegalidade.
* Com Sputnik e ANSA