O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (14/02) que o governo de Jair Bolsonaro abriga “grupos terroristas” que preparam ataques contra o território venezuelano.
“Existem grupos terroristas dentro do território brasileiro preparando ataques contra a Venezuela. Isso está comprovado. E nós temos o direito de defender-nos. Por isso, estamos preparando exercícios militares e vamos mobilizar, no dia 20 de fevereiro, cerca de 2,3 milhões de combatentes da Força Nacional Bolivariana e da Milícia Nacional Bolivariana”, disse Maduro durante entrevista a jornalistas internacionais.
O presidente se refere aos ex-militares que participaram de um assalto a um quartel venezuelano localizado no distrito de Luepa, município Gran Sabana, no estado de Bolívar, em dezembro do ano passado. Na ocasião, foram roubados mais de 100 fuzis e dois mísseis. Quase todo o armamento foi recuperado pelas forças de segurança venezuelanas. No entanto, alguns fuzis continuam em poder de cinco militares desertores que receberam asilo do governo brasileiro.
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“Esses ex-militares levaram 11 fuzis ao Brasil e publicaram fotos com esse armamento, em território brasileiro, depois que receberem asilo. O governo brasileiro deu asilo sabendo que eram criminosos confessos, que participaram de um assalto a um quartel. Imaginem se fosse ao contrário, se um grupo de terroristas atacasse um quartel no Brasil e viesse à Venezuela com as armas pedir asilo. Seria um escândalo?”, questionou Maduro.
O mandatário ainda fez um apelo para “que os militares [brasileiros] não se prestem a isso, porque o governo Bolsonaro está arrastando as Forças Armadas do Brasil para um conflito armado contra a Venezuela. O que os militares do Brasil pensam disso? Acham que é certo em atacar quartéis militares na Venezuela?”.
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Presidente da Venezuela afirmou que ‘Bolsonaro está arrastando as forças militares do Brasil para um conflito armado com a Venezuela’
Relações comerciais
Por outro lado, o líder chavista destacou a boa relação com empresários brasileiros. O Brasil continua sendo um dos principais sócios comerciais da Venezuela. Em 2019, o Brasil vendeu cerca de US$ 250 milhões em produtos para a Venezuela e comprou US$ 71 milhões, mais da metade em metanol e biocombustível, segundo o Ministério da Economia brasileiro.
Maduro afirmou que pretende trabalhar para manter e ampliar a relação comercial com empresas do Brasil.
“Os empresários brasileiros continuam vendendo para a Venezuela produtos importantes para nós, apesar das ameaças e das ligações ameaçadoras que eles recebem da embaixada dos Estados Unidos no Brasil. No decorrer desse ano queremos melhorar as relações comerciais. A Venezuela necessita comprar muitos produtos de grande qualidade que o Brasil fabrica. A Venezuela está aberta ao comércio brasileiro”, destacou.
Denuncia na Corte Internacional
O presidente venezuelano também falou sobre a denúncia que a Venezuela fez nesta semana à Corte Penal Internacional em Haia, nos Países Baixos, contra as sanções econômicas impostas pelos EUA.
“Não tínhamos outra escolha a não ser buscar a justiça internacional. Há muito tempo exigimos justiça no mundo e respeito ao direito internacional. Congelaram todas as contas internacionais que usávamos para a comprar suprimentos médicos, alimentos e remédios”, disse o presidente da Venezuela.
Maduro ainda destacou que a denúncia em Haia foi feita por “um povo que resiste e vem encontrando soluções para problemas muito sérios criados por essa guerra econômica do governo dos EUA contra a Venezuela”.