Depois de quase oito anos, o mundo está mais próximo de conhecer o destino do australiano Julian Assange. O caso do fundador do WikiLeaks, responsável pelo vazamento de milhares de correspondências secretas do Departamento de Estado norte-americano, começa a ser julgado pela corte britânica a partir desta segunda-feira (24/02) em Londres.
Ainda é cedo para saber ao certo o que acontecerá com o fundador do WikiLeaks. A audiência de extradição começa nesta segunda-feira, no tribunal de Woolwich, na capital britânica. Nessa primeira semana serão apresentados os argumentos legais das partes. Depois, a sessão será interrompida e retomada em 18 de maio.
Assange, 48 anos, está preso na Inglaterra. Os Estados Unidos pedem a extradição para que ele seja julgado em solo norte-americano, onde é acusado de espionagem e vazamento, em 2010, de documentos secretos do Departamento de Estado e dos serviços de inteligência sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão. São 18 acusações. Se condenado, Assange pode pegar uma pena de até 175 anos de prisão.
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Até que isso aconteça, há ainda muitas etapas pela frente. Só a decisão de extraditá-lo, ou não, ainda leva pelo menos três meses. Nesse meio tempo, os advogados de Assange já tentaram um pedido de asilo na França, que eles alegam ser “o país dos direitos humanos”.
John Englart/Flickr
No sábado, centenas de pessoas se reuniram em Londres em uma grande manifestação de apoio ao fundador do Wikileaks
Manifestação de apoio: 'jornalismo não é crime'
No sábado (22/02), em Londres, centenas de pessoas se reuniram em uma grande manifestação de apoio a ele. O pai de Assange, John Shipton, defendeu o filho com um longo discurso na praça do Parlamento. Entre os manifestantes, que pregavam que “jornalismo não é crime”, havia celebridades como a estilista britânica Vivienne Westwood, o ex-vocalista do grupo Pink Floyd Roger Waters e o ex-ministro de Finanças da Grécia Yanis Varoufakis. Eles alegam que a extradição tem motivações políticas.
A equipe de defesa de Assange nega as acusações de espionagem e tenta apresentar a matéria como uma caso de liberdade de imprensa e direito de informar. A Anistia Internacional pediu aos Estados Unidos que suspendam as acusações de espionagem, e ao Reino Unido, que não extradite Assange. A entidade alega que se pode estar cometendo uma grave violação dos direitos humanos.
Além da questão jurídica, Assange enfrenta ainda problemas de saúde. No final de novembro do ano passado, uma carta aberta assinada por 60 médicos foi encaminhada à ministra do Interior britânica, Priti Patel. No documento, eles afirmam que Assange pode morrer na prisão. Os signatários dizem ter sérias preocupações não só com a saúde física, mas mental do fundador do WikiLeaks. Seus advogados querem transferi-lo para um hospital universitário na Inglaterra, para que possa ser diagnosticado e tratado.