Em Portugal, a companhia aérea TAP está enfrentando de frente a crise econômica no pós-pandemia e, agora, com ajuda estatal. O governo português anunciou que voltará a ter o controle da empresa – mas “sem reestatizá-la”.
O Estado português já detinha 50% do capital da companhia. O ministro das Finanças, citado pelo canal de televisão TSF, anunciou que as ações subirão para 72,5%. Para isso, o governo investirá € 55 milhões.
Anteriormente, o Executivo português havia oferecido aos acionistas um empréstimo de até € 1,2 bilhão para recuperar o grupo, mas as condições foram rejeitadas pelo conselho de administração da companhia.
O contrato de aumento de capital por parte do governo exigiu longas negociações. Em última análise, ele permitirá que o principal acionista privado, o norte-americano David Neeleman, saia da sociedade.
O texto retira também, de forma imediata, o brasileiro Antonoaldo Alves do cargo de CEO, para o qual foi indicado por Neeleman, embora ninguém saiba no momento o nome de seu sucessor.
O governo português diz que não se trata de uma reestatização ou renacionalização, já que 22,5% das ações ainda estarão em mãos privadas – as de Humberto Pedrosa, agora ex-sócio de Neeleman – e 5%, nas dos trabalhadores da empresa.
A companhia era totalmente estatal até 2015, quando foi vendida para um grupo liderado por Neeleman – fundador da brasileira Azul e da norte-americana Jet Blue – e Pedrosa. Nesta oportunidade, Lisboa ficou com 50% da empresa.
Esta é a segunda grande empresa aérea da Europa a ter participação estatal incrementada. Em maio, o governo alemão anunciou que estatizaria parte da Lufthansa, um dos maiores players do mercado de aviação.
Uma empresa estratégica
Se o governo português colocou a mão no bolso, é porque a empresa aérea é considerada estratégica. O Executivo lembra que 90% dos turistas chegam a Portugal de avião, metade pela TAP. Perdê-la seria, portanto, um “desastre econômico”, disse o ministro da Infraestrutura.
Com a crise, o governo do premiê português Antonio Costa reverteu o acordo de 2016 em que o Estado se comprometeu a não adquirir mais de 50% da empresa.
(*) Com RFI