O Procurador-Geral da Bolívia, Fausto Lanchipa, nomeado pela autoproclamada presidente Jeanine Áñez, anunciou na noite desta segunda-feira (06/07) a instalação de um processo contra o ex-presidente Evo Morales pelo suposto crime de “terrorismo”.
Segundo a Comissão de Promotores de Combate à Corrupção, órgão ligado ao Ministério Público do país, Morales seria responsável pelo “bloqueio de caminhões com alimentos que tentaram entrar no Departamento de Cochabamba”, no final de novembro, e que teriam sido impedidos por uma suposta “ação liderada pelo líder social local Faustino Yucra e coordenado do exterior”.
A tese da acusação é que Morales teria ordenado a ação contra os caminhões por telefone. O procurador Lanchipa assegura ter os áudios que comprovariam a denúncia.
À época, o ex-presidente estava no México, após ter deixado a Bolívia no dia seguinte ao golpe de Estado que forçou sua renúncia. Em dezembro, Evo foi à Argentina, onde está até hoje em asilo político.
De manera ilegal e inconstitucional, la Fiscalía de La Paz pretende imputarme por terrorismo con un audio alterado y sin ser notificado, una prueba más de la sistemática persecución política del gobierno de facto. Pronto volverá la democracia y el Estado de Derecho a #Bolivia.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) July 6, 2020
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‘Mais um prova da perseguição política sistemática do governo [de Áñez]’, disse o ex-presidente
Pelas redes sociais, Morales disse que a denúncia do Procurador-Geral “é mais uma prova da perseguição política sistemática do governo de fato contra o MAS” – em referência à sigla do seu partido, o Movimento Ao Socialismo.
“De maneira ilegal e inconstitucional, o Ministério Público de La Paz pretende me acusar de terrorismo com um áudio forjado e sem me notificar, mais um prova da perseguição política sistemática do governo [de Áñez]”, disse Evo.
Na semana passada, outros órgãos governamentais bolivianos iniciaram denúncias com efeitos eleitorais contra o MAS.
A Gestora de Seguridade Social acusou o candidato presidencial Luis Arce, favorito para as eleições de 6 de setembro, de liderar um esquema de corrupção, enquanto o Tribunal Supremo Eleitoral iniciou um processo para tornar o partido MAS ilegal, devido a uma suposta fraude nas eleições de outubro de 2019 – tese que é sustentada por um informe da OEA (Organização dos Estados Americanos) e que já foi descartada por ao menos 3 grupos de especialistas independentes dos EUA.
*Com Fórum