“As forças revolucionárias obtiveram uma importantíssima vitória”, definiu nessa segunda-feira (27/9) o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao comentar os resultados das eleições parlamentares realizadas no domingo (26/9). Os números oficiais do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) indicam que o governista PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) conquistou 98 cadeiras na Assembleia Nacional, os partidos coligados na MUD (Mesa da Unidade Democrática), 65 e os do PPT (Pátria Para Todos), dois.
Marina Terra
Chávez concedeu coletiva de imprensa no Palácio de Miraflores, em Caracas
A maioria qualificada, ou dois terços dos assentos na Assembleia, era o objetivo declarado do governo. “Colocamos as expectativas no alto, é assim. Mas temos 59,39% dos deputados e uma proporção assim é incrível. Quem não gostaria de ter 60% do parlamento?”, justificou Chávez.
Leia mais:
ANÁLISE: Vitória sem maioria qualificada cria desafios para Chávez
Partido de Chávez ganha eleições, mas não faz maioria absoluta na Assembleia Nacional
Depois de dois anos difíceis, Venezuela espera superar crise econômica após as eleições
Após a divulgação dos resultados, a MUD comemorou a conquista das 65 cadeiras e afirmou ter aplicado uma derrota a Chávez. O secretário-geral da coligação, Ramón Aveledo, chegou a dizer: “somos maioria”. Distante da Assembleia desde 2005, quando boicotou as eleições e deixou caminho livre para o PSUV, os partidos oposicionistas decidiram postular-se nessas eleições de forma unida.
“Vencemos por Estado, vencemos por eleitorado, ganhamos por deputados. O que eles ganharam?”, questionou Chávez. De acordo com o CNE, o PSUV teve mais deputados em 18 estados, enquanto a oposição ganhou em cinco. Do total de votos no país, 5,422 milhões foram conquistados pelo PSUV, enquanto 5,320 milhões pela MUD, ressaltou Chávez. “O resultado não representou o início de nada. Domingo aconteceu o que tinha de acontecer. Estamos consolidados como o principal partido da Venezuela”, afirmou.
Segundo o presidente, a interpretação da disposição dos assentos é feita de forma tendenciosa pela oposição. “Em 1998, o MVR (Movimento V República) [de esquerda] tinha 46 assentos e a Aliança Democrática, 62 e o Copei (Partido Social Cristão da Venezuela), 28. Esses dois têm muito menos agora”. O MVR foi um dos partidos de esquerda na Venezuela que posteriormente geraram o PSUV. Segundo o CNE, o Copei conseguiu computar cinco deputados nessas eleições e a AD, oito.
Análise
Para o sociólogo venezuelano Antonio Plessman, da UCV (Universidade Central da Venezuela), é positivo que a oposição tenha voltado a ter espaço na Assembleia. “O cenário não é em nada negativo, para nenhum dos lados. De fato, o maior vencedor é o PSUV, que fica em situação de fortaleza no parlamento”. Segundo o analista, a próxima Assembleia será mais “plural, com mais debates e espaços de relacionamento com a oposição”, afirmou ao Opera Mundi.
Os estados de Zulia, Nova Esparte, Táchira, Miranda e Anzoátegui tiveram maioria de deputados da oposição. Chávez afirmou que as derrotas nos quatro primeiros era compreensível, mas em Anzoátegui surpreendeu.
“Acredito que o PSUV perdeu votos por um conjunto de fatores. Primeiro, a desaceleração do crescimento que a Venezuela teve e que foi sentida pela população. Depois, a crise elétrica em distintas partes do país, o que explicaria alguns resultados em Anzuátegui, que sofreu com o racionamento. Além desses, temas como a segurança e a corrupção sempre tem influência”, explicou Plessman.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL