A junta militar que deu um golpe no governo do Mali propôs fazer um período de transição de três anos para convocar novas eleições. A proposta foi apresentada à Comunidade dos Estados da África Ocidental (Cedeao) nesta segunda-feira (24/08), revelaram fontes da própria entidade.
O “presidente” seria um militar escolhido pela junta e o “novo governo” precisaria ser formado, majoritariamente, por membros das Forças Armadas.
A Cedeao já era encarregada de mediar outro processo de paz no país, após um golpe de Estado em 2012. Agora, há dois dias, o grupo está em negociações com a junta militar, mas a situação ainda é tensa.
“Nós conseguimos chegar a um acordo em alguns pontos, mas não em todos os que estamos discutindo”, declarou o chefe da delegação da Cedeao e ex-presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan.
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Ex-presidente da Nigéria Goodluck Jonathan ao chegar no Mali para mediar conflito junto da Cedeao
Entre os consensos, estaria a libertação do presidente deposto, Ibraim Bubacar Keita, que ainda é mantido preso pelos militares ao lado do ex-premier Boubou Cissè. Os dois foram detidos após motins de soldados em algumas cidades do país no dia 18 de agosto. No dia seguinte, Keita anunciou que estava renunciando e que estava dissolvendo o governo e o Parlamento.
Antes do golpe ser consumado, o Mali já vinha sofrendo uma grave crise política, com protestos diários da oposição e de grupos militares – que se agravaram desde junho. Além dos problemas entre civis e soldados, parte do território do país também foi tomado por terroristas, o que causou ainda mais tensão entre a população.