O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou uma juíza ultraconservadora para compor a Suprema Corte do país após a morte de Ruth Baden Ginsburg. A escolhida, anunciada na noite do sábado (26/09), foi Amy Corney Barrett.
Ultraconservadora, católica e mãe de sete filhos, a escolhida tem 48 anos e pode assumir o posto de Ginsburg, que era considerada uma dos maiores nomes da luta pelos direitos das mulheres nas últimas décadas no país.
Ao anunciar o nome, o republicano voltou a pressionar o Senado a confirmar sua indicação antes das eleições de 3 de novembro, o que é duramente questionado pelos democratas.
Se Barrett for aprovada pelo Senado, a Suprema Corte terá 6 dos 9 magistrados conservadores, em um desiquilíbrio de forças não visto há anos.
“Eu sei que você fará nosso país muito orgulhoso”, disse ainda Trump ao fazer o anúncio. Por sua vez, Barrett afirmou que “caso me escolham, eu prometo fazer o meu melhor”.
Ruth Baden Ginsburg
Após a morte de Ginsburg devido a um câncer, a família divulgou uma carta em que a juíza pedia que a escolha de seu sucessor não fosse feita antes das eleições deste ano – como ocorreu em 2016, no fim do mandato de Barack Obama.
Uma pesquisa do Washington Post/ABC mostrou também que a maior parte dos norte-americanos não deseja uma mudança ainda em 2020, sendo que 57% se opõe à escolha do novo juiz.
White House
Amy Corney Barrett é ultraconservadora, católica e foi indicado por Trump
Porém, segundo fontes do Senado, que tem maioria republicana, as audiências perante à Comissão de escolha devem começar em 12 de outubro e durar quatro dias.
Democratas criticam
Após o anúncio de Trump, os candidatos democratas à presidência e a vice-presidência, Joe Biden e Kamala Harris, criticaram o republicano por fazer o anúncio a menos de dois dias do enterro de Ginsburg.
“O Senado não deve votar até que os norte-americanos votem. Não deve agir até que os norte-americanos escolham seu novo presidente e o seu próximo Congresso”, escreveu Biden em seu Twitter.
Já Harris afirmou que a escolha feita por Trump quer “destruir” a reforma de saúde feita por Obama, que ficou conhecida como “Obamacare”, e as regras para permitir o aborto legalizado.
“Essa escolha levará a Corte para a direita por uma geração e atingirá milhões de norte-americanos”, pontuou.
As reclamações dos democratas vêm, principalmente, porque havia um entendimento bipartidário que, em caso de morte de um juiz durante o último ano de mandato de um presidente, a escolha deveria recair sobre a próxima administração. No entanto, agora que a situação acaba “beneficiando” os republicanos, líderes do partido mudaram de posição.
*Com ANSA