O responsável pelo monitoramento da defesa dos direitos humanos da região autônoma de Nagorno-Karabakh, Artak Beglaryan, denunciou nesta quinta-feira (08/10) um ataque do Exército do Azerbaijão contra uma igreja católica na cidade de Shusha que deixou três jornalistas feridos.
“Foi um ataque intencional e guiado contra a igreja e contra os jornalistas enquanto eles assistiam por drones”, disse Beglaryan.
A Catedral Armênia da Salvação, em Shusha, é considerada um patrimônio histórico na região, principalmente pela comunidade católica de armênios. O porta-voz do Ministério da Defesa da Armênia, Artsrun Hovhannisyan, afirmou que o “inimigo” Azerbaijão atingiu o “símbolo de Shusha”, se referindo à igreja.
Segundo o portal Sputnik, um dos três jornalistas feridos é russo e está em estado grave. Outras pessoas que estavam escondidas no subsolo da igreja não ficaram feridas.
O Ministério das Relações Exteriores de Nagorno-Karaback também denunciou o ataque e afirmou que “fazer monumentos culturais e históricos objetos de ataque é um crime de guerra”.
It is an act of #vandalism to target religious and cultural values. But it is normal for Azerbaijani side. #Azerbaijan deliberately shelled the Holy Savior Cathedral (Ghazanchetsots) in Shoushi. #StopAzerbaijaniAggression #KarabakhNow pic.twitter.com/sB0TOcQUrn
— Artsakh / Karabakh Human Rights Ombudsman (@ArtsakhOmbuds) October 8, 2020
Reprodução
Catedral Armênia da Salvação, em Shusha, é considerada um patrimônio histórico na região, principalmente pela comunidade católica de armênio
O governo do Azerbaijão, por sua vez, negou a autoria dos ataques contra a catedral e chegou a dizer que o Exército da Armênia atacava pontos históricos.
“A informação sobre o dano à igreja em Shushi não tem nenhuma relação com as ações militares do Exército do Azerbaijão. Ao contrário das forças armadas armênias, o Exército do Azerbaijão não ataca edifícios e monumentos históricos, culturais e especialmente religiosos”, disse o governo azeri em nota.
Conflito
Desde 27 de setembro, a região tem sido palco de uma escalada de tensão entre o Azerbaijão e tropas locais apoiadas pela Armênia, que defendem sua autonomia frente à postura intervencionista do governo azeri.
Mortes e danos materiais têm sido reportados de ambos os lados, enquanto a Armênia acusa a Turquia de estar envolvida no conflito e apoiar o Azerbaijão.
Diversos órgãos internacionais fizeram apelos para um cessar-fogo imediato e a retomada das negociações de paz. Além das entidades, os governos da Rússia, Alemanha, França, Itália, Estados Unidos e Irã também fizeram o pedido pelo fim dos combates e articulam uma frente de negociações.
Nagorno-Karabakh, território autônomo com população de maioria armênia, se declarou independente em 1991 da República Socialista Soviética do Azerbaijão. Tal episódio levou a confrontos militares que duraram até 1994, quando ambos os lados concordaram em começar conversações para atingir a paz, mediadas pelo Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Nagorno-Karabakh permaneceu sendo uma república não reconhecida, e as relações entre Baku e Ierevan têm permanecido tensas.
*Com Sputnik