O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela apresentou nessa sexta-feira (09/10) as novas urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições para a Assembleia Nacional no próximo dia 6 de dezembro.
Segundo autoridades do órgão, as novas máquinas contam com mecanismos contra hackers e fraudes e a apuração dependerá da participação direta de todos os partidos políticos que participem do processo eleitoral. Isso porque cada uma das legendas terá um código de segurança e o acesso aos arquivos dos votos só será permitido se todos os partidos inserirem ao mesmo tempo seus códigos.
Para o diretor do CNE, Carlos Quintero, as urnas são de última geração e garantirão diversas oportunidades de auditoria, antes, durante e depois do processo eleitoral, uma vez que o órgão realizará 16 auditorias nas máquinas e mesas de votação, onde participam todos os representantes dos partidos. .
“Entre os processos de verificação estão as auditoria dos softwares das urnas. Os partidos terão todo o tempo que for requerido para revisar o código fonte das máquinas eleitorais e, um dia antes do evento eleitoral, se realizará uma auditoria com amostras aleatórias de máquinas escolhidas pelos representantes dos partidos, em 0,5% das urnas eletrônicas. No dia da eleição também serão feitas verificações, pois auditaremos 52% das mesas eleitorais. Finalmente, depois da eleição serão realizadas três checagens ao processo”, ressaltou Quintero.
Além disso, os partidos políticos poderão inscrever técnicos de informática para acompanhar remotamente o processamento de dados e fazer perguntas em tempo real aos técnicos do CNE ao longo da votação, transmissão de dados, contagem de votos e durante auditorias posteriores. “Todas as etapas de votação são verificáveis, ou seja, poderão ser fiscalizadas pelos representantes dos partidos políticos”, disse o diretor do CNE.
Quintero ainda destacou que as novas urnas eletrônicas contarão com um leitor da carteira de identidade incorporado nas máquinas para evitar o contato entre o eleitor e os técnicos e garantir o distanciamento social, fator importante para a saúde dos que irão às urnas em meio à pandemia do novo coronavírus.
A presidente do CNE, Indira Maira Alfonso, também elogiou o novo sistema e garantiu que a votação se tornou mais simples, de fácil compreensão para os eleitores e com máquinas mais eficientes do ponto de vista da capacidade de processar informação.
Conselho Nacional Eleitoral
Órgão apresentou novas urnas eletrônicas e disse que apuração dependerá de todos os partidos
Destruição das urnas anteriores
A apresentação das novas urnas eleitorais vem cumprir uma etapa importante da agenda eleitoral, já que a Venezuela sofreu um duro golpe nos seus recursos em março desse ano, quando perdeu 90% do seu sistema tecnológico eleitoral em um incêndio produzido no galpão de armazenamento do CNE.
O ato foi classificado pelas autoridades policiais como uma ação criminosa. Um grupo opositor originário de uma pequena organização política radical assumiu a autoria do atentado.
Estima-se que o fogo tenha destruído mais de 500 computadores e 49 mil máquinas de votação, entre outros materiais essenciais para a realização de eleições no país.
Tecnologia venezuelana
Sem especificar o país onde foram fabricadas, o CNE disse que “as máquinas foram trazidas à Venezuela com dificuldade, devido ao bloqueio econômico internacional”. Já o desenho das máquinas e o desenvolvimento do software foram feitos por técnicos venezuelanos.
Uma das principais características das novas máquinas é a independência energética. Cada urna terá uma bateria de lítio integrada, com 10h horas de autonomia, característica importante para um país que sofre com falhas elétricas em várias regiões, em consequência da crise econômica severa causada pelo bloqueio norte-americano.
O novo modelo de urna eletrônica ainda conta com uma tela de alta resolução, que facilita a visualização na hora do voto, e uma impressora integrada, para auxiliar em uma possível recontagem manual. O sistema de transmissão dos resultados terá um canal independente da internet, para evitar qualquer tentativa de manipulação por hackers.
O novo software de votação foi criado com características que melhoram o sistema anterior como, por exemplo, o tempo de votação, já que ele promete diminuir o tempo de espera entre um voto e outro e poderá agilizar o processo eleitoral como um todo. O CNE ainda não informou quantas urnas serão disponibilizadas para o pleito.
Para a próxima eleição estão inscritos 14 mil candidatos de 107 partidos. Cerca de 96% das organizações políticas vão participar do processo, incluindo partidos tradicionais de direita como o Acción Democrática e Copei, que governaram o país alternadamente por 50 anos, entre 1958 e 1998. Participarão também partidos como o evangélico ORA e o Avanzada Progresista, cujos candidatos Javier Bertucci e Henry Falcón já foram candidatos nas eleições presidenciais de 2018 contra o presidente Nicolás Maduro.