Na edição do programa SUB40 desta quinta-feira (15/10), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, conversou com o educador popular e militante da Uneafro Douglas Belchior, que falou sobre a luta antirracista do movimento negro brasileiro e o papel do debate racial no país.
O ativista afirmou que a questão racial é a “pólvora” da luta de classes no Brasil, já que “classe e raça estão ligadas pela própria natureza” histórica brasileira.
“Aprendi a acreditar, que no caso brasileiro, o debate racial tem uma nuance muito específica. Por que no Brasil raça e classe são intricadas pela própria natureza. E o debate racial é a pólvora da luta de classes no Brasil […] é por ai que conseguimos catapultar o debate de classe. E, talvez por isso, o debate sobre racismo tenha sido tão evitado historicamente, deliberadamente evitado”, disse.
Para Belchior, a questão econômica também está “ligada” às questões raciais. No entanto, o elemento racial é “mobilizador potente” por “tocar outras dimensões da humanidade, para além da material”. “Existe uma potência mobilizadora no debate racial que a gente precisa aproveitar melhor, ter como instrumento de luta política para o nosso campo”, afirmou.
Altman e Belchior ainda discutiram sobre o papel histórico do movimento negro e quais são as principais pautas na atual conjuntura do país. O ativista comentou acerca do “menosprezo” da sociedade em “construir grandes lideranças nacionais negras”.
“Existe um exercício de reprodução do racismo dentro das instituições da maneira mais suave e sutil que possa ser e das maneiras mais escancaradas que são possíveis de ser. O racismo brasileiro, por conta da magia da democracia racial, ele é pouco percebido no processo, mas ele é escancarado no resultado”, afirmou.
O programa
Todas as quintas-feiras, o fundador de Opera Mundi entrevista, ao vivo, uma personalidade da nova geração que está pautando a discussão política e cultural no país. O nome do programa, SUB40, vem a partir daí: uma conversa com as novas caras do debate público – aqueles com até 40 anos (ou um pouco mais) – para entender suas ideias e antecipar tendências.
Os espectadores também podem participar e fazer perguntas, por meio do chat do YouTube. As questões serão selecionadas e feitas por Altman para o entrevistado.