O ex-presidente da Bolívia Evo Morales pediu nesta quinta-feira (22/10) a renúncia do secretário-geral da Organização dos Estados Unidos (OEA), Luis Almagro, de seu cargo.
Morales afirmou que há “sangue boliviano” nas mãos de Almagro e que o secretário-geral não tem “autoridade moral” para exercer funções dentro da organização.
“Luis Almagro não tem autoridade moral para dirigir os destinos da OEA, deve renunciar. Suas mãos estão manchadas de sangue boliviano. Se não o fizer, solicito que os Estados Membros iniciem sua desvinculação com o amparo do artigo 116 da carta da OEA”, disse.
Luis Almagro no tiene autoridad moral para dirigir los destinos de la @OEA_oficial, debe renunciar. Sus manos están manchadas de sangre boliviana. Si no lo hace, solicito a los Estados Miembros que inicien su desvinculación al amparo del Artículo 116 de la Carta de la OEA.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) October 22, 2020
Em entrevista coletiva à imprensa na Argentina, país que vive em asilo político após sofrer um golpe de Estado em 2019, o boliviano afirmou que, se nada for feito agora, “aparecerá outro Luis Almagro que não vai respeitar a vontade democrática do povo”.
“Vamos nos encarregar [do processo], não só pelo Evo ou pelo povo, [mas] para que nunca mais haja um Luis Almagro (…) desde o primeiro momento dissemos ‘não houve fraude’”, disse Morales.
O ex-presidente afirmou ainda que as ações de Almagro e Manuel Gonzales, chefe da missão dos observadores da OEA no pleito de 2019, levaram a “violações massivas dos direitos humanos e em ações de crimes contra a humanidade” na Bolívia. Morales disse também que será apresentada uma denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI) para que Almagro e Gonzales sejam “processados e julgados”.
OEA – OAS/ Flickr
Morales afirma que as mãos do secretário-geral estão ‘manchadas com sangue de bolivianos’
Renúncia
O pedido de renúncia de Almagro também foi solicitado por outras entidades latino-americanas que apontam falta de legitimidade ao secretário-geral.
O Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes progressistas de 12 países da América Latina, afirmou que as ações desempenhadas pelo secretário na Bolívia “impossibilitam que [Almagro] continue exercendo o papel de mediador e facilitador democrático que deveria desempenhar à frente de tão importante posição”.
“[Saída de Almagro] ajudará a restaurar a paz na região e reativar a integração regional que tem faltado em tempos de pandemia”, diz o grupo.
O Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (Celag), por sua vez, declarou, a partir de uma análise recente que checou os resultados eleitorais de 2019 e 2020 em municípios, que o documento da organização deixa “muitas dúvidas sobre a exatidão e pertinência do informe da OEA apresentado em 2019”, que serviu como “base de anulação eleitoral”.
“[Solicitamos] a remoção do secretário geral da OEA, Luis Almagro, pelo seu papel […] [o documento da organização] é um informe sem rigorosidade técnica que resultou de forma prejudicial na institucionalidade democrática na Bolívia”, afirma o documento emitido pela Celag.