O ex-presidente da Bolívia Evo Morales se reuniu com a ativista indígena e líder comunitária Milagro Sala, que está em prisão domiciliar na província de Jujuy, na Argentina.
O encontro com a militante, que está detida de forma irregular pela Justiça desde 2016 por um suposto assassinato, foi uma das últimas atividades de Evo em território argentino antes de regressar à Bolívia.
“Vocês formaram nossa consciência, devolveram a dignidade a quem não a tinha e souberam responder nas urnas. Foi uma emoção muito forte ver Luis Arce vencer, temos que manter o exemplo da Bolívia, resistir e lutar para poder tirar os gorilas do governo de Jujuy”, disse Sala.
A ativista ainda afirmou que se identifica “com os irmãos bolivianos no sentido de que primeiro vem nossa história e nossa cultura”. “Temos que ter unidade de baixo para cima, conscientizar, e é isso que faz o irmão Evo. Vocês nos dignificaram”, afirmou.
Morales, por sua vez, prestou solidariedade à prisão da ativista, que qualificou como “injusta” e afirmou que a visita já estava programada, mas fora adiada por conta da pandemia da covid-19.
“Compartilho da luta da companheira Milagro. Cedo ou tarde chegará a Justiça. Já tínhamos um encontro programado, mas a pandemia nos atrasou. Irmã, muita força, muito trabalho, estamos com você”, disse.
O ex-mandatário viajou de Buenos Aires a San Salvador de Jujuy neste domingo e, após se reunir com Sala, tem um jantar marcado com o presidente argentino Alberto Fernández, que regressa ao país após comparecer à posse do presidente da Bolívia, Luis Arce.
Nesta segunda-feira (09/11), uma cerimônia está marcada para acontecer na zona fronteiriça entre a cidade argentina de La Quiaca e a boliviana de Villazón, onde Evo se despedirá de Fernández e cruzará a fronteira.
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Encontro com ativista é uma das últimas atividades do ex-presidente em território argentino antes de retornar à Bolívia
O retorno do ex-presidente será acompanhando por uma caravana de cerca de 800 veículos e contará com algumas paradas e diversos atos ao longo do caminho. O trajeto está previsto para durar três dias.
O destino final da caravana é a cidade de Chimoré. O local carrega um peso simbólico pois foi de onde Evo partiu para o exílio após o golpe de Estado de 2019 que forçou sua renúncia.
Antes de partir para Jujuy, Morales divulgou um vídeo de agradecimento às autoridades argentinas que o acolheram durante o exílio e a outras lideranças da América Latina que prestaram solidariedade durante esse quase um ano em que a Bolívia foi governada por forças golpistas.
“Meu reconhecimento profundo às organizações políticas, sindicais e de direitos humanos argentinas que nos acompanharam e deram generosas mostras de solidariedade a ex-ministros e ex-autoridades que tiveram que se exiliar diante das perseguições judiciais e políticas”, disse.