Em tom de brincadeira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sugeriu neste domingo (15/11) que poderia mandar o deputado opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente do país no ano passado, ao Peru – que enfrenta uma crise política que o deixou sem comando no Executivo.
“Parece que ninguém quer assumir a presidência lá. Nós podemos mandar o Guaidó para que assuma a presidência e se autoproclame presidente do Peru. O que vocês acham? Proponho isso a vocês. Mandamos o Guaidó para que realize seu sonho e entre em um palácio presidencial, para que se autoproclame lá, porque aqui não tem vida”, brincou.
O venezuelano se solidarizou com os manifestantes peruanos, cuja mobilizações derrubaram o presidente Manuel Marino. “O que vemos aqui é que o povo peruano está despertando em rebeldia, em valentia. Saiu às ruas para se opor à última manobra da oligarquia”, afirmou.
“Envio nossa saudação solidária ao povo do Peru, à juventude do Peru que, nas ruas, está lutando pela democracia verdadeira. Por seus direitos sociais, por direitos econômicos, por seus direitos humanos. Todo nosso apoio ao nosso povo do Peru”, disse.
Maduro também questionou “onde estava” o Grupo de Lima, “que não diz nada sobre os direitos humanos no Peru”. O grupo é uma reunião de líderes conservadores das Américas que tem como objetivo pressionar o governo venezuelano – e uma das alegações do grupo é que, na Venezuela, não se respeitariam os direitos humanos.
Twitter/Nicolás Maduro
Maduro sugeriu enviar Guaidó ao Peru para que se autoproclame presidente
Crise política
O presidente interino do Peru, Manuel Merino, renunciou ao cargo neste domingo, após a morte de dois manifestantes durante os protestos da noite deste sábado que marcaram o 6º dia consecutivo de manifestações no país.
Merino, então chefe do Parlamento, havia assumido a presidência em 10 de novembro, logo após o impeachment de seu antecessor, Martín Vizacrra, e ficaria no cargo até as eleições gerais de abril de 2021.
Depois da destituição de Vizcarra, milhares de pessoas tomaram as ruas de Lima para protestar contra o Congresso, que já havia tentado aprovar um impeachment em setembro passado. No sábado (14/11), a tensão chegou ao auge com a morte de dois manifestantes pela repressão praticada pela polícia.
Durante a noite, o Congresso não chegou a um acordo para a eleição como nova presidente do Peru a parlamentar de esquerda Rocío Silva Santisteban, que seria uma candidata de consenso. Ela precisava de 60 votos e recebeu apenas 42, com 52 votos contrários e 25 abstenções.