O presidente da Argentina, Alberto Fernández, participou nesta segunda-feira (22/02) de uma conferência do Partido dos Trabalhadores sobre lawfare o caso Lula, criticando a condenação e atuação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Em atividade comemorativa dos 41 anos do partido, Fernández afirmou que, agora, “conhecemos como o juiz Moro manipulava os procuradores”, em uma ação em que Lula “não pudesse” ser candidato à Presidência do Brasil em 2018 e “seguisse muito tempo processado”.
“Havia uma série de engrenagens na qual participavam juízes, procuradores e meios de comunicação para construir no imaginário público do Brasil a ideia de que Lula era um delinquente. Agora tudo está sendo descoberto”, disse.
Fernández, que era professor de Direito Penal, declarou que o processo contra o ex-presidente brasileiro “não havia documento que avalizava que a propriedade [apartamento tríplex no Guarujá] era de Lula, mas simplesmente com base no jogo das ‘convicções’ desse singular juiz Moro”, fazendo com que o petista acabasse “sendo condenado”.
O presidente argentino também ironizou o fato de que Moro foi um juiz que “andou circulando pela América Latina como um paladino da luta contra a corrupção e terminou sendo ministro da Justiça do atual governo do Brasil”.
Para Fernández, na América Latina, o caso de Lula, do ex-presidente Rafael Correa e da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, simbolizam com clareza a aplicação do lawfare na região, um “mecanismo que foi implementado no Brasil e em outros lugares do continente que serviu para que a mídia e a Justiça persigam opositores ao regime político que agora governa”.
“A verdade é que se pode ver casos em distintos lugares da América Latina onde há claramente há ações persecutórias e há casos judiciais que se sustentam em certas regras processuais e em um cúmulo de arbitrariedades para perseguir e prender opositores”, afirmou.
Ricardo Stuckert
Presidente da Argentina ironizou Sergio Moro como um ‘paladino da luta contra a corrupção’
O argentino relembrou a visita que realizou em 2019, ainda como candidato à Presidência da Argentina, a Lula quando ele estava preso na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Fernández afirmou que confiou na inocência do ex-presidente e que esse foi um dos motivos do encontro.
“Muitos me criticaram porque me diziam que estava desfazendo da ação da Justiça, mas a verdade é que quando fui visitá-lo conhecia perfeitamente bem como era esse caso, como era a imputação que pesava sobre Lula, como havia sido o processo que o estava acusando. E fui com a plena convicção de ir visitar uma pessoa inocente que estava presa”, declarou.
Além de Fernández, participaram também da conferência Jean-Luc Mélenchon, candidato à presidência da França em 2017 pelo França Insubmissa, o advogado Antônio de Almeida Castro, o Kakay, e diversas lideranças progressistas latino-americanas.
(*) Com reportagem de Lucas Rocha, Revista Fórum.