A Justiça boliviana decretou neste domingo (14/03) quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez e dois ex-ministros de seu governo, Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrigo Guzmán (Energia).
Eles foram acusados pelo Ministério Público de terrorismo, conspiração e sedição, junto com outros ex-militares pela participação no golpe de Estado que levou Evo Morales à renúncia, em novembro em 2019.
A detenção preventiva foi decretada por risco de fuga e obstrução do processo. A decisão foi anunciada em uma audiência que durou mais de nove horas, na qual a Procuradoria havia solicitado seis meses de prisão para Áñez e seus ex-funcionários.
De acordo com a fundamentação judicial, “há indícios suficientes para que o Ministério Público se convença da existência do ato criminoso e da provável participação do acusado”.
Áñez, que em 2019 era senadora, assumiu a Presidência após o golpe contra Evo, ordenou a repressão contra movimentos sociais e tentou adiar as eleições presidenciais em três ocasiões.
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales pediu neste sábado “punição” para os “autores e cúmplices” do golpe de Estado que forçou sua renúncia à Presidência, em novembro de 2019.
Agencia Bolivia de Informação
Ex-presidente autoproclamada foi presa na madrugada do último sábado
Pelo Twitter, Evo lembrou das vítimas e dos presos políticos do governo de Áñez, o qual classificou como uma “ditadura”.
“Por justiça e verdade para as 36 vítimas fatais, os mais de 800 feridos e mais de 1.500 detidos ilegalmente no golpe. Que os autores e cúmplices da ditadura que saqueou a economia e atacou a vida e a democracia na Bolívia sejam investigados e punidos”, disse o ex-presidente.
Ministro quer 30 anos de prisão para Áñez
O ministro da Justiça e Transparência da Bolívia, Iván Lima, anunciou que vai apresentar nesta segunda-feira (15/03) quatro processos de crimes de responsabilidade cometidos por Áñez e seu gabinete. As novas denúncias se somarão à investigação sobre o massacre de Sacaba e Senkata, que deixou 21 mortos durante protestos contra o golpe de Estado, em novembro de 2019.
Lima afirmou à emissora de televisão estatal Bolívia TV que não se busca apenas uma detenção, mas também uma pena de 30 anos. “Porque por aqui houve massacres sangrentos, houve famílias que ficaram sem pais, mães que ficaram sem crianças”, disse.
O ministro de Governo, Eduardo del Castillo, também reiterou que não se trata de perseguição política, e sim de justiça.
“Há que deixar claro que este governo democraticamente eleito não está perseguindo politicamente a ninguém, o que está fazendo é que exista justiça em nosso país”, declarou.
Familiares de vítimas de massacres do governo Añez afirmaram à Bolivia Tv que estão se sentindo triunfantes. “A justiça está chegando, tardou, mas já vai chegar”, disse uma mulher que se somou a vigília instalada nas portas da Força Especial de Luta contra o Crime (FFLCC), em La Paz, para esperar a decisão judicial.
Por meio de sua conta no Twitter, a ex-presidente Añez negou que tenha ocorrido um golpe na Bolívia e pediu para que no futuro se tenha construção de uma “Bolívia melhor”.
(*) Com Brasil de Fato