O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse nesta terça-feira (16/03) estar “preocupado” com a prisão da ex-presidente autoproclamada Jeanine Áñez por envolvimento no golpe de Estado que forçou a renúncia do ex-mandatário Evo Morales, em novembro de 2019.
Bolsonaro, que foi o primeiro líder da América Latina a reconhecer o governo não eleito de Áñez, declarou que a participação da ex-senadora direitista no golpe de Estado seria “totalmente descabida”.
“Nos preocupam os acontecimentos em curso na Bolívia, nosso vizinho e país irmão, onde a ex-presidente Jeanine Áñez e outras autoridades foram presas sob a alegação de participação em golpe, que nos parece totalmente descabida. Esperamos que a Bolívia mantenha em plena vigência o Estado de Direito e a convivência democrática, disse Bolsonaro.
A declaração do presidente aconteceu durante uma reunião virtual do Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul), grupo que reúne Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Guiana.
Prisão
A ex-presidente autoproclamada foi presa na madrugada de sábado (13/03). Áñez é acusada pelos crimes de terrorismo, conspiração e sedição devido aos eventos que levaram à saída de Evo. A ex-senadora de direita se autoproclamou presidente após o golpe, ordenou a repressão contra movimentos sociais e tentou adiar as eleições presidenciais em três ocasiões.
Marcos Corrêa/PR
Declaração do presidente aconteceu durante uma reunião virtual do Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul)
O pedido de prisão de Áñez havia sido emitido nesta sexta-feira (12/03), quando o Ministério Público do país entendeu que havia risco de “fuga ou obstrução”. Ainda no domingo (14/03), a Justiça boliviana decretou quatro meses de prisão preventiva para a ex-presidente autoproclamada e dois ex-ministros de seu governo, Álvaro Coimbra (Justiça) e Rodrigo Guzmán (Energia).
Além da ex-mandatária, os ex-ministros de seu governo Yerko Núñez, Arturo Murillo e Luis Fernando López também foram alvos de pedidos de prisão. Coímbra e Guzmán foram detidos na sexta-feira.
Golpe de Estado na Bolívia
Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.
Durante o governo de Jeanine Áñez, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas. Além disso, movimentos contra o governo golpista foram alvo de forte repressão policial que, muitas vezes, resultou em massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba.