O Ministério das Relações Exteriores da Bolívia repudiou um pronunciamento emitido pelo secretário de Estado norte-americano Antony Blinken sobre a prisão da ex-senadora de direita e ex-presidente autoproclamada Jeanine Añez e seus ex-ministros.
Por meio de nota, a chancelaria da Bolívia expressou sua preocupação “porque esse tipo de pronunciamento é um lamentável exemplo de ingerência em assuntos internos”.
Neste sábado (27/03), Blinken publicou, por meio do Twitter, estar “preocupado” com supostos sinais de comportamentos antidemocráticos e politização do sistema legal na Bolívia. A declaração diz respeito as recentes prisões preventivas de ex-funcionários do governo autoproclamado, nas quais o secretário de Estado pede liberação.
We are deeply concerned by growing signs of anti-democratic behavior and politicization of the legal system in Bolivia. The Bolivian government should release detained former officials, pending an independent and transparent inquiry into human rights and due process concerns.
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) March 27, 2021
O governo da Bolívia afirmou que tais pronunciamentos dos Estados Unidos não contribuem para o desenvolvimento de uma relação de respeito mútuo entre os dois estados, “não responde a informações objetivas e é precisamente contra o quadro institucional que pretendem defender”.
Pontuou também que este tipo de declaração de Blinken “viola o princípio de não ingerência previsto no artigo I, parágrafo 2, do ‘Convênio Marco de Relações Bilaterais de Mútuo Respeito’ firmado entre os Estados Unidos da América e o Estado Plurinacional da Bolívia, em 7 de novembro de 2011”.
#Comunicado
Sobre las declaraciones de Antony J. Blinken, Secretario de Estado de los Estados Unidos de América.Lea el comunicado aquí:https://t.co/jSUmTyQcwR#CancilleríaBolivia pic.twitter.com/2tctxce72I
— Cancillería de Bolivia (@MRE_Bolivia) March 27, 2021
A nota do ministério boliviano lembrou que após “o colapso da ordem constitucional” em novembro de 2019, a Bolívia recuperou sua democracia com a eleição do presidente Luis Arce, em 18 de outubro de 2020, e “a plena vigência dos direitos e garantias constitucionais e aquelas definidas pelo direito internacional dos direitos humanos”.
E destacou que, no âmbito da cultura do diálogo, a Bolívia reitera sua disposição de manter e fortalecer suas relações de amizade com toda a comunidade internacional, embasadas no respeito à sua soberania e autodeterminação.
MRE_Bolivia
Ministério de Relações Exteriores da Bolívia emitiu nota sobre declarações de secretário de Estado dos EUA
Golpe de Estado na Bolívia
Em novembro de 2019, mobilizações golpistas de extrema direita forçaram a renúncia do então presidente Evo Morales. O ex-mandatário teve que deixar o país e se asilou no México, depois na Argentina.
Durante o governo de Jeanine Áñez, foram registradas prisões arbitrárias de pelo menos 1.534 pessoas. Além disso, movimentos contra o governo golpista foram alvo de forte repressão policial que, muitas vezes, resultou em massacres, como os que ocorreram nas regiões de Senkata e Sacaba.
(*) Com Telesur.