A Coreia do Norte acusou neste sábado (27/03) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de “ingerência” e “provocação” por condenar o lançamento de mísseis que Pyongyang fez na quinta-feira (25/03).
“Esse tipo de declaração por parte do presidente americano é uma ingerência evidente no nosso direito à autodefesa e uma provocação”, declarou Ri Pyong Chol, que supervisionou o teste, em um comunicado, citado pela agência norte-coreana KCNA.
A Coreia do Norte informou que o lançamento de quinta-feira, o primeiro desde que Joe Biden chegou à Casa Branca, foi um teste de um novo “projétil tático guiado” equipado com um motor de combustível sólido.
Já o primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, disse que os dois dispositivos eram mísseis balísticos, um tipo de arma que a Coreia do Norte está proibida de desenvolver de acordo com várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
“Hostilidade profunda”
Após o lançamento, Biden afirmou que o teste violou as resoluções da ONU e fez uma advertência a Pyongyang. “Consultamos nossos sócios e aliados e haverá uma resposta se as autoridades norte-coreanas optarem por uma escalada. Será uma resposta proporcional”, afirmou o presidente americano.
Em sua declaração, Ri Pyong Chol disse que a Coreia do Norte expressou sua “profunda apreensão pelo fato de o líder dos Estados Unidos ter criticado os testes, realizados no exercício de nosso direito à legítima defesa, como uma violação das resoluções das Nações Unidas”. Além disso, o alto funcionário norte-coreano lamentou que Biden tenha mostrado sua “hostilidade profunda”.
Pyongyang já recorreu a testes de armas várias vezes para alimentar as tensões, na tentativa de atingir seus objetivos de longo prazo. “Acho que o novo governo dos Estados Unidos obviamente deu um primeiro passo em falso”, criticou Ri no comunicado que a KCNA tornou público.
“Se os Estados Unidos continuarem com essas declarações imprudentes, sem pensar nas consequências, talvez tenham que lidar com algo que não será bom”, alertou, acrescentando que a Coreia do Norte está preparada para “continuar a aumentar suas forças armadas e capacidades militares”.
Em uma nota que evita usar as palavras “mísseis” e “balístico”, a KCNA afirmou na sexta-feira (26/03) que os dois projéteis disparados na quinta-feira atingiram com precisão os alvos no mar depois que percorreram uma distância de 600 quilômetros. A agência afirmou que a arma poderia transportar uma carga útil de 2,5 toneladas.
KCNA
Para Coreia do Norte, críticas norte-americanas são ingerências evidentes no direito de autodefesa
Europeus pedem reunião do Conselho de Segurança da ONU
Diante dos últimos acontecimentos, os países europeus que participam do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas pediram a seus parceiros uma reunião na próxima terça-feira (30/03) sobre o último disparo de míssil da Coreia do Norte. A informação foi confirmada por fontes diplomáticas na sexta-feira.