O presidente de Israel, Reuven Rivlin, indicou nesta terça-feira (06/04) o atual primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, para tentar formar um novo governo. No entanto, por conta do cenário de impasse político, é provável que as negociações falhem e os israelenses precisem ir às urnas pela quinta vez em cerca de dois anos.
Conforme as indicações desde a eleição do dia 23 de março, o Likud e os partidos que permaneceram ao lado de Netanyahu somam 52 dos 120 assentos do Knesset, Parlamento do país. Já a oposição, liderada por Yair Lapid, presidente da sigla Yesh Atid, contabiliza 45 cadeiras.
Agora, Netanyahu terá 28 dias, prorrogáveis por mais 14, para conseguir o apoio de ao menos nove parlamentares e obter a maioria. Enquanto isso, o atual primeiro-ministro, que está no poder há 15 anos, ainda precisa se defender de um processo em andamento por fraude, corrupção e abuso de poder.
Ao anunciar sua escolha, Rivlin afirmou que essa “não foi uma decisão fácil” do ponto de vista “da moral”, mas que “segundo a Corte Suprema e a lei, um primeiro-ministro indiciado pode continuar a servir em seu cargo”.
O mandatário ressaltou que, por conta das reuniões dos últimos dias, acredita que Netanyahu é o que tem mais chances de formar um governo. Porém revelou que as conversas “me levam a crer que nenhum candidato tem chance real de formar um governo que obtenha a confiança do Knesset”.
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Netanyahu responde por um processo em andamento em Israel por fraude, corrupção e abuso de poder
“O presidente de Israel não substitui o Legislativo nem o poder Judiciário. […] Temo pelo meu país, mas devo fazer aquilo o que me é pedido como presidente do Estado, com base na lei e nas decisões da Corte Suprema, e realizar a vontade soberana do povo de Israel”, acrescentou.
Após a indicação de Rivlin, Lapid criticou a decisão e disse que essa “é uma vergonha que representa uma mancha no Estado de Israel”. Mas o líder da oposição reconheceu que Rivlin “cumpriu seu dever e não tinha outra escolha”.
Há cerca de dois anos, Israel não consegue formar um governo estável e duradouro por conta da desistência de diversos partidos da direita e da centro-direita de apoiar Netanyahu. Isso porque o premiê foi envolvido em uma série de escândalos políticos.
O último governo durou entre maio e dezembro do ano passado, com o apoio da sigla Azul e Branco, por conta da gestão da pandemia de covid-19. Mas o presidente do partido, Benny Gantz, acusou Netanyahu de esconder informações e liderou a rejeição das contas do governo no fim do ano passado, provocando as novas eleições.