O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, autorizou o envio de mil combatentes da Milícia Nacional Bolivariana ao Estado de Apure, no sul do país, onde tropas venezuelanas buscam neutralizar hostilidades de grupos paramilitares na fronteira com a Colômbia.
O anúncio foi feito na última terça-feira (13/04), data que marca o aniversário de criação das milícias.
Segundo o comandante-geral da Milícia Bolivariana, Bernal Martínez, a atuação dos mil combatentes enviados a Apure será humanitária.
“Por instruções do Comando Estratégico Operacional [do Exército], cumprindo ordens do presidente Nicolás Maduro, estamos formando uma força especial humanitária de proteção às comunidades do alto Apure para auxiliar com mil milicianos”, disse Martínez.
Diferentemente da noção de milícias que existe no Brasil, os grupos venezuelanos são institucionais, compostos por militares da reserva e civis que recebem treinamento militar, tendo como objetivo auxiliar as Forças Armadas e outros setores do governo na defesa do país.
Pelo Twitter, Maduro destacou a importância do trabalho das milícias e classificou os grupos colombianos que realizam ações armadas na fronteira como “terroristas”.
“Ratifico a ordem às Forças Armadas e à Milícia Bolivariana no Estado de Apure de aplicar a doutrina Guerra de Todo o Povo contra grupos irregulares e terroristas colombianos”, disse o presidente.
Wikicommons
Segundo comandante-geral das milícias, ação dos combatentes será humanitária
Conflito na fronteira da Venezuela com Colômbia
Os enfrentamentos entre paramilitares colombianos e soldados venezuelanos começou no final do mês de março na região fronteiriça que divide os estados de Arauca, do lado da Colômbia, e Apure, do lado da Venezuela.
Segundo Caracas, o conflito teria sido iniciado por grupos irregulares que disputam o controle da zona do lado colombiano. Até o momento, mais de 17 mortes foram registradas e cerca de 40 feridos.
O governo Maduro ainda denunciou a instalação de minas terrestres por parte desses grupos em território venezuelano.
No início de abril, o representante da Venezuela nas Nações Unidas, Samuel Moncada, enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e ao Conselho de Segurança do órgão pedindo ajuda para encerrar o conflito na fronteira.
“Depois que os Acordos de Paz foram rompidos por falta de políticas públicas do governo, houve muitas cisões nos grupos armados colombianos. Não é falta de aptidão. É um interesse de que o conflito permaneça para manter o acesso a recursos e tecnologia militar oferecida pelo imperialismo”, denunciou o embaixador venezuelano.
A Colômbia, por sua vez, acusa Caracas de promover o conflito e prometeu o envio de 2 mil soldados para reforçar a segurança da fronteira.