O Comitê Nacional de Greve da Colômbia denunciou na segunda-feira (03/05) que a repressão das forças de segurança às manifestações contra a reforma tributária deixou um saldo, até agora, de 27 mortos e 124 feridos.
Em um balanço que inclui o período de 28 de abril a 2 de maio, a entidade informou que foram registrados 1.089 casos de violência policial e 27 manifestantes assassinados – 12 deles só em Cali, capital do departamento de Valle del Cauca, no sudoeste do país.
No entanto, esse saldo é provisório, pois a repressão continuou na noite de segunda-feira em vários setores de Cali, especialmente em Siloé, onde organizações humanitárias relataram a morte de pelo menos mais duas pessoas.
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O Comitê Nacional de Greve acrescentou em seu relatório que, dos feridos, 13 sofreram lesões oculares. Também foram denunciados seis atos de violência sexual, 726 detenções arbitrárias e 45 defensores de direitos humanos limitados no exercício de suas funções.
Os dirigentes da greve asseguraram que, apesar de o presidente Iván Duque ter retirado o polêmico projeto de reforma tributária, as medidas de protesto continuarão contra a militarização das cidades.
Humano Salvaje/FlickrCC/Wikimedia Commons
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Os manifestantes exigem também a retirada da reforma sanitária, o desmantelamento do Esquadrão Móvel Antimotim (Esmad) da Polícia Nacional, responsável por inúmeros abusos de poder, e a vacinação massiva contra a covid-19, entre outras demandas.
Para esta quarta-feira, 5 de maio, foi convocado um novo dia nacional de protestos, no qual participarão diferentes plataformas sociais e centrais de trabalhadores.
Na noite de segunda-feira, o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia denunciou em sua conta no Twitter que vários membros da comissão receberam ameaças e ataques na cidade de Cali.
“Enquanto monitorávamos a situação dos direitos humanos em Cali, não houve disparos diretos contra a equipe de Direitos Humanos da ONU. No entanto, outros integrantes da comissão receberam ameaças e agressões, além de tiros da polícia, sem que ninguém fosse atingido”, destacou a organização internacional.