O líder do partido espanhol Podemos e candidato à Assembleia de Madri, Pablo Iglesias, anunciou nesta terça-feira (04/05) que deixará todos os cargos institucionais na política ao reconhecer a vitória da direita nas eleições regionais.
“Deixo todos os meus cargos. Deixo a política entendida como política partidária e institucional”, disse o ex-vice-primeiro-ministro da Espanha após uma campanha eleitoral repleta de ataques, incluindo uma carta com balas e uma ameaça de morte contra ele e sua família.
Iglesias apontou a ministra do Trabalho e terceira vice-presidente do governo da Espanha, Yolanda Díaz, como a sua provável sucessora, já que o político ocupa a Secretária-geral do Podemos. A nomeação precisa ser aprovada pelo partido.
“Não vou ser um obstáculo para uma renovação da liderança que deve ocorrer em nossa força política”, afirmou. “Não sei o que é o destino, caminhando eu fui o que fui”, disse Iglesias, citando um fragmento de El Necio, canção do cantor cubano Silvio Rodríguez.
Em março, Iglesias decidiu deixar o Executivo espanhol com o objetivo de se candidatar ao governo de Madri e “deter o fascismo” na região. Com a vitória do direitista Partido Popular (PP), o dirigente declarou que o “sucesso eleitoral” de Isabel Díaz Ayuso “representa uma tragédia para a saúde, a educação e os serviços públicos”.
“Prevejo que esses resultados irão agravar os problemas territoriais na Espanha. Madri nunca foi tão diferente. […] Estamos muito longe de agregar maioria suficiente para construir um governo decente”, declarou.
Nas eleições regionais desta terça, o Podemos, até o momento, contabilizou 10 cadeiras no legislativo de Madri. O PP conquistou 65 assentos, podendo formar maioria caso realize uma aliança com o Vox, que obteve 13 assentos. Para ter liderança na Assembleia, são necessários 69 lugares.
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Em março, Iglesias decidiu deixar o Executivo espanhol com o objetivo de se candidatar ao governo de Madri
Ex-professor de ciência política de 42 anos foi o protagonista da política espanhola desde a criação, em 2014, do partido Podemos, herdeiro dos protestos massivos contra a austeridade promovida pela União Europeia em 2011.
Denunciando a austeridade e a “casta” política e econômica, o Podemos se tornou a terceira força no Congresso espanhol. Em janeiro de 2020, formou o primeiro governo de coalizão centro-esquerda na Espanha e tornou-se um dos vice-presidentes do país.
Eleições regionais
O direitista Partido Popular da governadora de Madri e candidata à reeleição, Isabel Díaz Ayuso, venceu as eleições regionais madrilenas. Até o momento, a legenda de Díaz Ayuso soma 65 cadeiras na Assembleia madrilena, obtendo 44,72% dos votos.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) alcançou 16,86%, o que lhe dá 24 cadeiras. A sigla do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez está atrás do Mais Madri, que angariou o mesmo número de assentos, mas conta com 16,96% dos votos.
Os novos eleitos da capital espanhola tomarão posse no dia 8 de junho e terão no máximo 15 dias para propor o nome do próximo presidente do governo local. Ou seja, Díaz Ayuso tem mais de um mês e meio para negociar e selar uma aliança caso o número final a obrigue buscar negociações.
Apesar da eleição ter sido em meio à pandemia do novo coronavírus, a participação foi recorde. Mais de 80,7% dos madrilenos votaram, o que é quase 16,5 pontos percentuais a mais do que nas eleições de 2019.
(*) Com Télam.