Diversos representantes de movimentos sociais que lideram os protestos na Colômbia contra as medidas neoliberais do presidente Iván Duque se reuniram nesta quinta-feira (06/05) com senadores do país em uma audiência pública.
Entre as reivindicações, os principais pontos discutidos foram a desmilitarização das cidades, a punição dos responsáveis pela violência institucional e a garantia do direito de protesto. O presidente da Casa, Arturo Char Chaljub, esteve presente na reunião e disse que os sindicatos, a sociedade civil e o governo devem enfrentar a situação que o país atravessa desde o dia 28 de abril.
Omar Moreno, diretor de Direitos Humanos da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) colombiana, foi enérgico ao responsabilizar o governo pela violência contra os manifestantes nos últimos dias e que foi repercutida nas redes sociais.
Além disso, Moreno denunciou a “ausência da Ouvidoria” do país e acrescentou uma demanda apontando que os protestos não se limitam apenas à reforma tributária, mas também conta com uma exigência de que o plenário do Senado negocie o documento emergencial sobre a privatização da saúde e a reforma trabalhista que o governo tentou aprovar.
“Eles perseguem, reprimem, ferem e assassinam não apenas lideranças masculinas e femininas, mas também atiram indiscriminadamente contra a população em geral”, disse.
Segundo a liderança, quando as manifestações começaram em decorrência da reforma do presidente Duque, “grandes setores da população sofreram uma escalada militar de dias e noites de terror por parte dos órgãos repressores do Estado“, como os “policiais nacionais, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e o Exército”.
De acordo os dados informados por Moreno, houve mais de 407 feridos pelas forças de segurança, 42 desaparecimentos denunciados, 31 pessoas com mutilações oculares, 15 agressões sexuais contra mulheres pelas forças públicas, dez invasões e 58 defensores de direitos humanos atacados.
Reprodução/ @cutcolombia
Colombianos estão nas ruas do país contra as medidas neoliberais do presidente Iván Duque
“Relatórios de diferentes organizações de direitos humanos apontam, até o momento, que houve mais de 1.780 casos de violência, 1.180 prisões arbitrárias e 37 assassinatos, dos quais 28 ocorreram em Cali”, afirmou.
A porta-voz do Comitê Nacional de Greve, Elizabeth Quiñónez, disse durante a audiência que “todos temos que buscar uma alternativa para fazer prevalecer a proteção dos manifestantes”, assim como “deter o massacre para que possamos sentar e conversar”.
Por sua vez, Olga Quintero, que representa o movimento popular da Marcha Patriótica, afirmou que “são muitos os motivos” para a manutenção da greve nacional: “não é só a reforma tributária, é também pela defesa da vida”. “Não é que não seja necessária uma reforma, é que existem problemas estruturais fundamentais que se não há vontade política ou do Congresso, da Presidência e de diferentes setores em não nos reunimos e tentarmos resolver, vamos para o abismo”, declarou.
Segundo a agência argentina de notícias Télam, o comissário para a Paz, Miguel Ceballos, anunciou que Duque e o representante do Comitê Nacional de Greve já haviam concordado com uma reunião na próxima segunda-feira (10/05).
Colômbia registra mais de 1.700 casos de violência policial
A Plataforma Grita, que reúne denúncias contra violações de direitos humanos na Colômbia, registrou 1.708 casos de violência policial entre 28 de abril, quando se iniciaram os protestos no país, e esta quarta-feira (05/05). Os números são maiores do que os registrados pelos órgãos oficiais do país. A Defensoria Pública reconhece 11 mortes em decorrência dos protestos.
O Ministério Público colombiano anunciou na quarta-feira que vai acusar policiais pelos homicídios de três civis durante as manifestações. “Esses homicídios serão atribuídos a integrantes da Polícia Nacional no âmbito dessas manifestações”, disse o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, em comunicado conjunto com o ombudsman, Carlos Camargo.
(*) Com Telesur e Télam.