Após a falta de resultados em reunião entre o comitê nacional da paralisação e o presidente Iván Duque, os líderes da greve na Colômbia, iniciada no final de abril, convocaram nesta quarta-feira (12/05) uma nova marcha nacional.
Diversas cidades colombianas, como Cali, Bogotá e Medellín, amanheceram com novas manifestações para exigir garantias para protestar e a desmilitarização promovida por Duque. Entre outras reivindicações, as organizações sociais pedem também a condenação dos excessos da força pública, que já matou 42 colombianos, a renda básica de um salário mínimo para os atingidos pela pandemia da covid-19 e exigem ainda uma reforma na área da saúde, que está sendo objeto de privatização.
Segundo a emissora Telesur, integrantes do comitê argumentam que está difícil manter diálogo, pois o governo colombiano segue afirmando que vive uma “situação de guerra”, sem reconhecer que os protestos têm cunho social. A violência repressiva também foi pauta na reunião.
Em Bogotá, capital do país, os bloqueios começaram desde as primeiras horas na cidade de Suba, no marco da convocação da marcha. O Parque Nacional foi o ponto de concentração proposto pelos organizadores, às 9h (horário local).
As universidades privadas e públicas de Bogotá programaram diferentes atividades em suas instalações durante o dia. Uma outra concentração, ainda na cidade, foi organizada na Plazoleta del Rosario, que fica ao lado da Avenida Jiménez, que foi rebatizada pelos estudantes como Avenida Misak.
Na cidade de Cali, nas primeiras horas desta quarta, foram registrados bloqueios em diversas avenidas e vias da região. Segundo Alfredo Mondragón, líder social de Cali, estava programa uma concentração na Portada al Mar, às 9h (horário local). Esta caminhada foi até o Hospital Universitário del Valle.
Por volta das 10h (horário local), em outra parte da cidade, na região de La Luna, colombianos esperavam a marcha que partiu do hospital universitário para somar ao protesto. Segundo o jornal El Espectador, essa marcha seguiu até o departamento de Cauca.
Cali, que registrou uma das mais violentas repressões policias na semana passada, teve uma terceira concentração pacífica no centro da cidade. Ainda de acordo com o periódico, por volta das 14h (horário local), a marcha transcorreu com tranquilidade enquanto os manifestantes cantavam e dançando.
Reprodução/ @cutcolombia
Comitê central da greve anunciou uma assembleia popular e um encontro nacional em Cali nesta quinta-feira (13/05)
Enquanto isso, em Medellín, a manifestação começou com os artistas preparando a performance “A arte resiste”, que fez homenagens aos povos do país, em uma concentração que se realizou no Parque de Los Deseos. Diante deste novo dia de protestos, a Ouvidoria de Medellín instalou uma recepção para reclamações ou denúncias de violações de direitos no Parque de las Luces, dado os episódios de repressão policial ocorrida nos dias anteriores.
Na cidade de Barranquilla, foram registradas três marchas pacíficas durante esta quarta-feira. Segundo o El Espectador, a polícia local desenvolveu um esquema de segurança em volta do estádio Romelio Martínez, pois esta noite há uma partida de futebol.
Em Bucaramanga, os colombianos foram às ruas de forma pacífica e com apresentações artísticas durante a marcha. Em Pereira, onde na semana passada um grupo de homens ainda não identificados disparou oito tiros contra Lucas Villa, o jovem estudante que morreu na segunda-feira (10/05), centenas de pessoas se manifestaram pacificamente, com cartazes e manifestações artísticas.
Outras marchas também aconteceram em Cartagena, Yopal, Neiva, Pasto, Riohacha, Ocanã e Villavicencio.
Além da marcha desta quarta-feira, o comitê central da greve na Colômbia anunciou uma assembleia popular e um encontro nacional em Cali, epicentro dos protestos, na quinta-feira (13/05) reunindo todas as correntes que participam da mobilização.
Violência
As mortes de Lucas Villa Vásquez e Daniel Alejandro Zapata foram confirmadas após dias de hospitalização. Villa Vásquez, um estudante de educação física da Universidade Tecnológica de Pereira, sofreu oito disparos durante uma manifestação no dia 5 de maio, na cidade de Pereira, capital do estado Risaralda. Não se sabe se o atirador foi um policial ou de algum grupo armado irregular.
Já Alejandro Zapata sofreu ferimentos na cabeça causados por um artefato lançado pelo Esquadrão M´óvel Antidistúrbios (Esmad) em uma marcha na estação Banderas del Transmilenio, em Cali.
(*) Com Rede Brasil Atual e Télam.