O presidente da Colômbia, Iván Duque, ordenou nesta segunda-feira às Forças Públicas (compostas por Exército, Marinha, Aeronáutica e Polícia Nacional) desdobramento máximo para desbloquear vias bloqueadas por manifestantes, que completam 20 dias nas ruas sofrendo a repressão de agentes do Esquadrão Móvel Antimotim (Esmad) e do Exército Nacional.
“Instruímos todos os níveis da força pública para que nos territórios com prefeitos e governadores, desdobrem sua capacidade operacional máxima para que dentro da proporcionalidade e estrito cumprimento dos direitos humanos, permita aos colombianos recuperar a mobilidade e o bem-estar”, indicou o presidente colombiano.
Apesar dos apelos a um grande diálogo nacional dos setores populares com o Executivo, Duque qualificou as manifestações pacíficas como um ato de “sabotagem”. “Por trás desses bloqueios, há um interesse criminoso em sabotar a economia e o desenvolvimento das populações”, disse.
“Os direitos dos colombianos devem ser protegidos, sem vacilações. Além disso, não existe na Colômbia nenhum direito a obstruir vias, nenhum direito de afetar os direitos dos demais”, disse Duque. “Nossa força pública está no território para proteger os cidadãos e qualquer violação da lei é categoricamente rechaçada”, afirmou.
César Carrión/Presidencia Colômbia
Duque põe em Força Pública ‘desdobramento máximo’ para desocupar vias bloqueadas por manifestantes
Embora os setores populares e o Comitê Nacional de Desemprego indiquem que, para avançar nas negociações, o governo precisa desmilitarizar os territórios, Duque mais uma vez reforçou o trabalho da ESMAD e do Exército em sua estratégia. “Estaremos avançando em todos os pontos de nossa geografia para recuperar a normalidade. Não há opressão aqui, há uma democracia”, acrescentou.
Os colombianos completam 20 dias mobilizados em todas as regiões exigindo uma mudança no modelo sociopolítico que contribua para acabar com a violência e as profundas desigualdades sociais. Apesar da mobilização massiva, o presidente Iván Duque mantém sua postura de intensificar a presença militar nos territórios.
Por sua vez, o senador Iván Cepeda, que defende o fim da Esmad e uma reflexão sobre a doutrina policial e militar na Colômbia, afirmou que, diante de graves denúncias de desaparecimentos e assassinatos, irá fazer nova denúncia no Tribunal Penal Internacional.
Organizações não governamentais e o senador Cepeda já apresentaram na última quinta-feira (13/05) ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), uma denúncia contra o governo colombiano por crimes contra a humanidade ocorridos durante as manifestações da greve nacional.