A Comissão Eleitoral de Mianmar, nomeada pela junta militar que deu um golpe de Estado em 1º de fevereiro, anunciou a dissolução do partido Liga Nacional para a Democracia (NLD), liderado pela ex-líder “de facto” do país, Aung San Suu Kyi, nesta sexta-feira (21/05).
A sigla havia sido a vencedora das duas eleições que ocorreram no país em 2015 e em 2020, sendo que, em dezembro do ano passado, conquistou mais de 70% dos votos nacionais. Segundo o presidente da Comissão Eleitoral, Thein Soe, a conduta do NLD “era ilegal e deve ser dissolvido o registro do partido”.
O partido de Suu Kyi era o preferido dos cidadãos de Mianmar e sempre teve apoio superior ao Partido da Solidariedade e Desenvolvimento da União (USDP), que é formalmente ligado aos militares. Além do partido, as Forças Armadas ainda tinham o controle, determinado por lei, de 25% dos assentos no Parlamento e nomeavam três dos principais ministérios nacionais: Relações Exteriores, Interior e Defesa.
O golpe militar de 1º de fevereiro ocorreu no dia em que os parlamentares eleitos tomariam posse. Não satisfeitos em fechar o Congresso, os militares ainda prenderam Suu Kyi e o presidente Win Myint sob alegação de crimes eleitorais.
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Partido de Aung San Suu Kyi foi dissolvido por militares golpistas de Mianmar
Quase quatro meses após o golpe, os dois não foram formalmente acusados de nenhum crime do tipo, apenas de outros supostos delitos que violam leis de comércio, comunicação e desastres ambientais – além de uma imputação de suborno contra a Nobel da Paz de 1991.
Os maiores países ocidentais já impuseram uma série de sanções políticas e econômicas contra os membros das Forças Armadas.
Os protestos da população continuam diariamente, mesmo com a forte repressão dos policiais e agentes de segurança. Mais de 800 pessoas já morreram nas manifestações contra o golpe.