A polícia de Israel atacou palestinos que estavam rezando e comemorando o cessar-fogo nesta sexta-feira (21/05) na frente da mesquita de Al-Aqsa, local sagrado aos muçulmanos localizado em Jerusalém oriental. A violência acontece um dia depois do anúncio de que Israel iria parar de atacar Gaza e deixou ao menos 20 pessoas feridas.
“Eles estavam cantando quando um contingente da polícia israelense entrou no complexo e começou a usar medidas de controle de multidão que eles usam, como de costume, incluindo granadas de choque, bombas de fumaça e gás lacrimogêneo,” relatou o jornalista de Al Jazeera Imran Khan.
O Departamento de Negociações da Palestina informou ainda que cinco jornalistas foram agredidos na ocasião, incluindo um produtor da CNN.
Five Journalists were attacked today during the Israeli occupation forces’ attack against Palestinian worshippers in Al-Aqsa Mosque Compound. #Jerusalem #MediaFreedom https://t.co/JdRamwqxzm
— Palestine PLO-NAD (@nadplo) May 21, 2021
Ainda na quinta-feira (21/05), quando a interrupção dos ataques já haviam sido anunciada, jatos militares israelenses bombardearam Gaza e deixaram pelo menos uma pessoa morta, segundo Al Jazeera.
Uma jornalista da emissora, Nida Ibrahim, em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, afirmou que os protestos continuam ocorrendo porque “a ocupação ainda está aí”.
“Dezenas de palestinos disseram que mesmo que essa rodada de escaladas acabe, a ocupação ainda estará lá … e eles ainda querem lutar contra ela”, declarou à emissora Al Jazeera.
Durante os ataques, Israel fechou a fronteira da entrada de Gaza e impediu a construção de corredores humanitários para levar ajuda aos palestinos. Com o cessar-fogo, a passagem voltou a se abrir.
Reprodução
Pavilhão foi invadido pela polícia israelense após a missa desta sexta-feira
Ajuda humanitária em Gaza
No Twitter, a delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Israel e nos territórios palestinos ocupados disse se sentir “aliviada” em ver a passagem aberta. De acordo com o comunicado, os suprimentos médicos e equipamentos estão sendo levados à organização do Crescente Vermelho na Palestina.
“Mais será necessário nos próximos dias”, informou.
A porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, disse que um total de 8.538 pessoas ficaram feridas em Gaza durante a violência. Pelo menos 243 palestinos foram mortos, incluindo 66 crianças. Além disso, ela informou que 30 instalações de saúde foram danificadas, sendo que uma clínica ficou totalmente destruída, e outra sofreu danos significativos. Por conta dos danos à infraestrutura, disse Harris, o acesso das ambulâncias fica impossibilitado.
Do lado israelense, 12 pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas.
11 dias de ataques contra palestinos
A região de Jerusalém Oriental foi palco durante quase duas semanas de uma repressão diária das forças israelenses contra palestinos, que se intensificou após a polícia lançar balas de borracha e granadas de choque contra a mesquita de Al-Aqsa.
Um segundo episódio da escalada de tensão foi a decisão de um tribunal israelense de despejar 28 famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah, na região de Jerusalém Oriental, para dar lugar a colonos israelenses. Revoltados, os palestinos foram às ruas para protestar.
Em meio aos ataques de Israel contra os palestinos, foguetes e mísseis derrubaram diversos prédios de Gaza, incluindo um residencial de 13 andares e o local que abrigava escritórios da emissora catariana Al Jazeera, da agência norte-americana Associated Press e outros veículos de comunicação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que cerca de 10 mil palestinos foram forçados a abandonar suas casas em Gaza por conta dos ataques de Israel. O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas afirmou que mais de 200 casas e 24 escolas foram destruídas ou danificadas na região durante os dias de bombardeios.