Após quase um mês de protestos sociais na Colômbia, o governo e o Comitê Nacional de Greve, grupo composto por sindicatos e estudantes, anunciaram que chegaram nesta terça-feira (25/05) em pré-acordos ao final de um diálogo que durou cerca de 12 horas.
O principal ponto de consenso, de acordo com o jornal colombiano El Tiempo, diz respeito à garantia da pacificidade dos protestos. Outros pontos reivindicados pelos grevistas ainda devem ser submetidos a novos debates.
As organizações e movimentos sociais enfatizaram também que esperam que o governo aprove o acordo preliminar o quanto antes para formalizar o início da negociação. Para a delegação, o principal objetivo é frear o Exército e o Esquadrão Móvel Antdistúrbios (Esmad), que desde os primeiros dias de maio saíram às ruas, por ordem do presidente Iván Duque, para controlar os protestos iniciados em 28 de abril, e ordenar que a Força Pública se abstenha de usar armas de fogo nas manifestações.
Além de solicitar também que o Ministério Público crie uma unidade especial autônoma para investigar as denúncias de violência durante a greve. O comitê pede ainda que o ministro da Defesa, Diego Molano, apresente um pedido público de desculpas pelo “uso excessivo da força” durante as marchas no país.
Segundo o jornal El Espectador, durante as tratativas, também foi solicitado que o país permita a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), algo que negado nesta segunda-feira (24/05). A vice-presidente e chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, afirmou que, antes de visitas internacionais, as próprias autoridades da Colômbia devem “terminar suas investigações”.
Reprodução/ @cutcolombia
Principal ponto de consenso do pré-acordo diz respeito à garantia da pacificidade dos protestos
O Escritório do Alto Comissariado para a Paz na Colômbia declarou, após o pré-acordo, que há análises que devem ser vistas “posteriormente”, pois ainda não “há consenso”. “Foi concluída a análise dos pontos em que os partidos redigiram textos que devem ser endossados, tanto pelo governo nacional quanto pela Assembleia da Comissão de Greve. Eles também deixaram registros para uma análise posterior sobre os pontos para os quais ainda não há consenso”, relatou o escritório.
Missão de direitos humanos chega a Bogotá em meio a novas denúncias de violência
Nesta terça-feira, uma missão internacional de solidariedade e direitos humanos, com 21 membros, chegou a Bogotá para verificar as denúncias de violência policial. O grupo estará no país até a próxima quarta-feira (02/06) visitando as principais cidades colombianas e acompanhando as convocações de manifestações com o objetivo de elaborar um relatório para a CIDH.
A paralisação nacional na Colômbia já dura quase um mês, com quase três mil denúncias de repressão, incluindo 43 homicídios e 120 manifestantes que permanecem desaparecidos, segundo levantamento de organizações não governamentais.
A gestão do ministro de Defesa será avaliada pelo Congresso após a bancada de oposição protocolar duas moções de censura, que poderiam implicar na sua destituição do cargo. “Diego Molano é um dos maiores responsáveis políticos da cadeia sistemática de lesa humanidade perpetrada pela Força Pública na Colômbia”, defendeu o senador do Polo Democrático, Iván Cepeda, durante sessão do Congresso.