O México se prepara para realizar eleições no próximo domingo (06/06) em um contexto de intensa violência contra candidatos e lideranças políticas. Na eleição considerada a mais violenta da história recente do país, segundo dados recolhidos pela consultoria Etellekt, foram registradas, no total, 782 agressões contra políticos e candidatos, com assassinatos, sequestros, atentados e até denúncias abuso sexual.
De acordo com a consultoria, que havia feito o mesmo trabalho nas eleições de 2018, 737 dessas 782 agressões passaram da simples tentativa para as vias de fato, resultando em 89 assassinatos desde setembro do ano passado. Neste universo de 89, ao menos 35 eram aspirantes ou candidatos na atual eleição.
Além disso, também foram vítimas fatais de conflitos políticos 10 colaboradores de campanha, 35 familiares de políticos e 99 funcionários públicos sem militância partidária, segundo os dados recolhidos pela consultoria.
Segundo o levantamento da empresa, neste período, cerca de 565 pessoas foram alvos de algum crime político. O último relatório da consulta apresentado à imprensa indica que 35% das vítimas eram mulheres.
Em 2018, pleito em que o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, foi eleito, foram registradas 774 agressões – na época, aquelas eram as eleições mais violentas da história recente do México. Há três anos, foram registrados, no entanto, mais assassinatos: 48.
Casos de assassinatos de políticos no México
Noa dia 25 de maio, a candidata Alma Rosa Barragán Santiago, que concorria à prefeitura do município de Moroleón, no estado de Guanajuato, foi assassinada a tiros durante um comício. Ela é a terceira vítima fatal dos ataques ocorridos nesse estado durante a campanha eleitoral.
Outro levantamento, dessa vez realizado pelo jornal mexicano La Jornada, a partir de correspondentes locais, aponta que pelo menos sete ataques ocorreram em diferentes municípios do país nos últimos dias, a menos de sete dias do pleito.
Jorge Aguilar/Unsplash
Eleições 2021 já são as mais violentas da história do México
No estado de Tabasco, pelo menos duas pessoas foram baleadas e uma caminhonete foi incendiada em um confronto no município de Jonuta entre apoiadores dos partidos de centro-esquerda PRD e Morena; enquanto em Juchitepec, no estado do México, um homem foi baleado e ferido em uma briga entre partidários do Partido Revolucionário Institucional, o PRI, de centro-direita, e do Partido Verde Ecologista de México (PVEM).
No município de Acajete, no estado de Puebla, o candidato a prefeito pelo PVEM foi sequestrado no sábado (29/05) pela manhã e liberado nesta terça (02/06), ainda segundo La Jornada.
Nas eleições de 6 de junho, os mexicanos irão às urnas para eleger 500 membros da Câmara de Deputados, 15 dos 32 governadores estaduais e prefeitos em 1.900 municípios. O pleito é considerado o maior da história do país.
Luis Donaldo Colosio
O país tem um histórico de eleições violentas. Um dos casos mais conhecidos é o do candidato presidencial Luis Donaldo Colosio, que concorria pelo PRI. Na época, em 1994, concorrer pelo partido era praticamente uma “garantia” de vitória, já que o PRI dominou a política do México por mais de 70 anos, por meio de fraudes e outros artifícios.
Colosio foi morto em praça pública após um comício em Tijuana, no norte do país, em cena filmada por uma câmera próxima. O assassino disse, à época, que havia agido sozinho. O então presidente Carlos Salinas de Gortari indicou seu ministro da Educação, Ernesto Zedillo, para substituir Colosio na chapa do PRI. Zedillo foi eleito no mesmo ano.
(*) Com Brasil de Fato