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Política e Economia

Massacre no Haiti atinge importantes figuras da oposição ao governo

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Ataque coordenado na madrugada do dia 30 de junho levou à morte de uma ativista, um jornalista e pelo menos outras 13 pessoas

Lautaro Rivara

Brasil de Fato Brasil de Fato

2021-07-04T20:04:00.000Z

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Cerca de 15 pessoas foram assassinadas na madrugada do dia 30 de junho na área metropolitana de Porto Príncipe, informa a Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do Haiti (RNDDH). Entre elas a ativista feminista Antoinette Duclaire, porta-voz da Matriz Liberación, e o jornalista Diego Charles, da Visión 2000, ambos com 33 anos.  

Eles chegaram à entrada da residência de Charles, localizada no bairro de Christ-Roi, nas primeiras horas da madrugada do dia 30. E bem ali foram executados. Várias testemunhas mencionam que eles foram mortos por armas de grande calibre disparadas de uma picape Mazda. Estas seriam algumas das mais de 500 mil armas, a maioria de fabricação norte-americana, que segundo a Comissão Nacional de Desarmamento circulam ilegalmente em um país onde há apenas 20 anos era quase impossível encontrar armamento, com a exceção de algum revólver velho e enferrujado nas mãos do campesinato.

Os eventos sangrentos altamente coordenados se desenrolaram simultaneamente em três locais diferentes: Delmas 32, Christ-Roi e Avenida N. Segundo alguns moradores de Delmas que se reuniram após os crimes, os indivíduos envolvidos na organização e perpetração desses ataques fazem parte da Base Krache Dife, dirigida por Wilson Pierre, também conhecido como James Alexander, ou Ti Sonson, e Jean Manillo Viau, também conhecido como Manino ou Manillo.

Em nota à imprensa, o diretor da Polícia Nacional do Haiti (PNH), Léon Charles, atribuiu os acontecimentos à retaliação de membros dissidentes da própria força, organizados em um sindicato, o SPNH-7, que é rejeitado pela hierarquia da Polícia e banido pelo próprio Estado. De acordo com Charles, policiais rebeldes sem identificação agiram por conta própria para vingar o recente assassinato do agente Guerby Geffrard por grupos criminosos. Marie-Rosy Auguste Ducena, da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do Haiti (RNDDH), porém, considerou que o diretor da Polícia se expressou "de forma muito precipitada e superficial", visto que nenhuma investigação foi realizada até o momento. 

Antoinette Duclaire
Ativista feminista Antoinette Duclaire, de 33 anos, foi uma das pessoas assassinadas em massacre no Haiti

Vários setores da oposição e da sociedade civil afirmaram que se trata, na verdade, de um bode expiatório para encobrir um crime político. Em primeiro lugar, pelo modus operandi: um ataque de precisão a uma ativista e a um jornalista, ambas figuras públicas, na casa de um deles, o que não se enquadra em nenhum cenário plausível de "balas perdidas" ou "danos colaterais".

Em segundo lugar, por se tratar de Duclaire, porta-voz da sua organização e uma conhecida opositora do governo de facto de Jovenel Moïse, cujo mandato constitucional terminou em 7 de fevereiro deste ano. Em terceiro, porque nas mesmas horas outras 13 pessoas foram assassinadas por esquadrões da morte motorizados em outros pontos da cidade. Em quarto, porque não seria o primeiro assassinato seletivo dos últimos tempos: também foram assim os casos, que chocaram o país, do presidente da Ordem dos Advogados Monferrier Dorval, em 28 de agosto de 2020, e do universitário Gregory Saint-Hillaire, executado por uma unidade especializada da PNH em 2 de outubro do mesmo ano. 

Jacques Desrosiers, secretário-geral da Associação de Jornalistas do Haiti, declarou que isso "aumenta a lista de jornalistas assassinados nos últimos três anos". Em nota de imprensa, a organização RADI, da qual Duclaire também fazia parte, mencionou o governo de Jovenel Moïse e afirmou que "todos os atores nacionais e internacionais que continuam apoiando este regime podre têm o sangue destes jovens nas mãos". Já a RNDDH denunciou ainda a instauração no país de "um clima de terror com a cumplicidade das autoridades estatais”, onde "os direitos à vida, segurança e integridade física e mental dos cidadãos são constantemente violados”.

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Direitos Humanos

Abbas chama de Holocausto ataques de Israel a palestinos

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Declaração do presidente da Autoridade Nacional Palestina foi feita durante visita a Berlim e causou indignação do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-17T14:15:00.000Z

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Em visita a Berlim, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, classificou nesta terça-feira (16/08) como "Holocausto" os frequentes ataques de Israel contra os palestinos, provocando indignação do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz.

"Israel cometeu 50 massacres em 50 locais palestinos desde 1947", disse Abbas, em entrevista coletiva ao lado de Scholz. "Cinquenta massacres, cinquenta Holocaustos", acrescentou Abbas.

Scholz acompanhou as declarações com uma expressão petrificada, visivelmente irritado. No entanto, não fez nenhum comentário sobre o assunto durante a coletiva.

A polêmica declaração veio após Abbas ser questionado por um jornalista se pediria desculpas a Israel no 50º aniversário do ataque à equipe olímpica israelense por terroristas palestinos em Munique.

Abbas disse haver pessoas mortas pelo exército israelense todos os dias. "Se queremos continuar cavando no passado, sim, por favor". No entanto, não se pronunciou diretamente sobre o ataque durante os Jogos Olímpicos de 1972, no qual 11 israelenses foram mortos.

Steffen Hebestreit, porta-voz de Scholz, declarou a conferência de imprensa encerrada imediatamente após a fala. A pergunta ao presidente da Autoridade Nacional Palestina já havia sido anunciada como a última da coletiva. Mais tarde, Hebestreit relatou que Scholz ficou indignado com a declaração de Abbas.

Horas depois, o próprio Scholz comentou a polêmica ao jornal alemão Bild. "Especialmente para nós, alemães, qualquer relativização do Holocausto é insuportável e inaceitável", disse. Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de seis milhões de judeus foram assassinados no programa de extermínio promovido pelo regime nazista.

Em 5 de setembro de 1972, um esquadrão terrorista palestino entrou no complexo olímpico de Munique e fez reféns membros da equipe israelense. Onze atletas israelenses e um policial alemão morreram em uma operação fracassada de resgate.

O líder do partido de oposição União Democrata-Cristã (CDU), Friedrich Merz, disse que foi "incompreensível" a forma como Scholz tratou o incidente. Pelo Twitter, Merz afirmou que o chefe de governo deveria ter "claramente contrariado" o presidente da Autoridade Nacional Palestina. O político da CDU Armin Laschet chamou a fala de Abbas de "a pior gafe já ouvida na Chancelaria Federal".

Janine Schmitz/photothek/picture alliance
Abbas fez declaração em coletiva de imprensa na Chancelaria em Berlim

Scholz critica acusações de "apartheid"

Na mesma coletiva, Abbas já havia feito outra declaração polêmica e sido repreendido por Scholz.

O presidente da Autoridade Palestina descreveu a forma como os palestinos são tratados pelo governo israelense como "apartheid", levando Scholz a se distanciar imediatamente dos comentários.

"Quero dizer explicitamente neste momento que não adoto a palavra apartheid e que não acho que seja a maneira correta de descrever a situação", disse Scholz.

Embora no passado a Alemanha tenha manifestado apoio à criação de um eventual Estado Palestino, sob o que é chamado de "solução de dois Estados", Scholz disse nesta terça-feira a repórteres que "não seria o momento de mudar a situação".

O apartheid é a doutrina de separação de grupos populacionais étnicos individuais, como o ocorrido na África do Sul até 1994. É reconhecido internacionalmente como um crime contra a humanidade.

Em 1967, Israel conquistou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias. A ONU classifica as áreas como ocupadas. Os palestinos as querem para seu próprio estado da Palestina - com Jerusalém Oriental como capital. O processo de paz entre Israel e os palestinos está parado desde 2014.

Polêmica com precedentes

Não é a primeira declaração controversa de Abbas sobre o tema. Em 2018, ele afirmou que os judeus não haviam sofrido historicamente por causa de sua religião, mas por terem sido banqueiros e credores de dinheiro. Abbas disse que os judeus que viviam na Europa sofreram massacres "a cada dez a 15 anos em algum país desde o século 11 até o Holocausto".

"Dizem que o ódio contra os judeus não foi por causa de sua religião, foi por causa de sua função social. Então, a questão judaica que se espalhou contra os judeus em toda a Europa não foi por causa de sua religião, mas por causa de agiotagem e dos bancos", disse Abbas na época. Dias depois, ele se desculpou pelas declarações antissemitas.

Abbas obteve um doutorado em História no Instituto de Orientalismo de Moscou, em 1982, na então União Soviética. Sua dissertação, intitulada A relação secreta entre o nazismo e o movimento sionista, atraiu críticas generalizadas de grupos judaicos, que o acusaram de negação do Holocausto. Em 2014, ele se defendeu das acusações de ser antissemita ao afirmar que o Holocausto foi "o pior crime da história moderna".

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