O comandante geral da polícia boliviana, Jhonny Aguilera, confirmou nesta quarta-feira (14/07) a existência de armas e munições que foram enviadas da Argentina durante o governo de Mauricio Macri em seus armazéns.
Segundo Aguilera, parte do “material repressivo” enviado ao país em novembro de 2019, após o golpe de Estado que culminou na renúncia de Evo Morales, “continua nos depósitos da instituição” e afirmou que “não existe documentação nenhuma que dê respaldo aos equipamentos”.
O caso veio à tona quando o ministro das Relações Exteriores boliviano, Rogelio Mayta, denunciou que o governo do ex-presidente Macri enviou o material à Bolívia, que foi utilizado para reprimir protestos sociais durante a presidência de fato de Jeanine Áñez.
Alberto Fernández, atual presidente da Argentina, se desculpou, em nome do povo de seu país, pelo papel desempenhado pelo governo de seu antecessor no golpe contra o então reeleito presidente boliviano Morales.
Aguilera informou que a reconstrução da chegada dos armamentos será realizada no Aeroporto Internacional de El Alto, com o objetivo de identificar os responsáveis pelo recebimento das munições. O comandante geral antecipou que “serão identificados quais funcionários foram ao aeroporto” para receber a carga.
“Vamos reconstituir quais funcionários foram ao aeroporto quando chegou o avião da Argentina, onde funcionários vestidos com uniformes militares entregaram este material à Polícia Boliviana sem nenhuma documentação”, disse o comandante-geral.
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Denúncia argentina contra Macri recorda que as Forças Armadas da Bolívia cometeram violações de direitos humanos no país
Segundo informações preliminares, entre o material que se encontra no depósito da polícia boliviana há granadas de gás, gás de pimenta, munições, entre outros que serão investigados, detalhou Aguilera.
Governo argentino denúncia Macri
Nesta segunda-feira (12/07), o governo da Argentina denunicou o ex-presidente Macri e outros funcionários de seu mandato pelo envio de “material repressivo” à Bolívia em novembro de 2019.
Segundo o texto apresentando, a denúncia indica que o “embarque ilegal de armas e munições para a Bolívia perpetrado em 12 de novembro de 2019 pelo governo nacional chefiado pelo ex-presidente Mauricio Macri, com a participação de altas autoridades do Poder Executivo Nacional”.
O documento aponta ainda que o fato consistiu um “envio irregular de armamentos e munições” com o objetivo de “colocar esse material repressivo à disposição da ditadura que recém havia tomado o poder no país vizinho, encabeçada por Jeanine Áñez”.
De acordo com os denunciantes, a entrega desses suprimentos militares “tinha como objetivo encobrir a necessidade de proteger a embaixada argentina” na Bolívia, mas a “gravidade institucional do acontecimento se consolida ao constatar que o material enviado teve como destino final as Forças Armadas” do país vizinho.
Por sua vez, a denúncia recorda que as Forças Armadas da Bolívia cometeram violações de direitos humanos no país, entre eles os massacres em Sacaba e Senkata.
Em novembro de 2019, após ter vencido as eleições, o presidente Evo Morales, do Movimento pelo Socialismo (MAS), foi forçado a deixar seu cargo pela direção das Forças Armadas, após pressões da Organização dos Estados Americanos e da cumplicidade da Direita. governos da região, como Brasil, Argentina, Chile e Peru.