A Alta Comissária da Organização Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira (13/09) que os países retirem as sanções “setoriais” impostas contra a Venezuela.
Durante a 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente do Chile disse que as medidas unilaterais agravaram, junto com a pandemia da covid-19, a situação dos direitos econômicos, sociais e ambientais do país, assim como o acesso aos serviços básicos da população venezuelana.
Por conta disso, disse Bachelet, o país sul-americano tem acesso limitado na aquisição de vacinas para imunizar a população, o que, segundo ela, é um direito humano e deve ser considerado um bem público global. A Alta Comissária declarou reconhecer os esforços feitos pelo governo “para enfrentar os desafios colocados pela pandemia”.
Bachelet também expressou confiança no diálogo político que ocorre entre o governo da Venezuela e a oposição no México, que “pode levar a soluções significativas e traduzir-se em maiores avanços na proteção dos direitos humanos”. Ela também saudou o compromisso das autoridades venezuelanas e disse esperar que “continuaremos a aprofundar nossa cooperação”.
Na mesma ocasião, Bachelet afirmou no entanto que seu escritório documentou oito casos de violações de direitos humanos, e que se preocupa com uma suposta falta de dados e informações sobre a administração pública venezuelana.
Wikicommons
Declarações de Bachelet foram feitas durante a 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos na ONU
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela afirmou o país vai continuar a cooperar com o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) “com base no respeito pela verdade e pelos princípios de objetividade”.
“A Venezuela ratifica seu compromisso inexorável de garantir a plena vigência dos direitos humanos como única forma de alcançar a paz e a tranquilidade para o povo venezuelano”, declarou o governo.
No entanto, em nota, a chancelaria venezuelana lamentou a reprodução de “afirmações infundadas” no relatório da entidade que não foram “devidamente verificadas juntos às autoridades”, conforme exige “sua própria metodologia de trabalho”.
“Rejeitamos as falsas afirmações do relatório sobre supostas detenções arbitrárias ou perseguições por exercício ou defesa dos direitos humanos, na medida em que fazem parte do roteiro político daqueles que instrumentalizam este assunto para atacar o país”, disse.
Nesta terça-feira (14/09), ainda no âmbito do Conselho de Direitos Humanos, o embaixador da Venezuela na ONU, Hector Constant, reforçou a crítica contra as sanções impostas pelos Estados Unidos no país, afirmando que o governo norte-americano “continuou seu cerco à Venezuela com a imposição de medidas medidas coercitivas unilaterais que estão causando morte, dor e sofrimento”.
“O congelamento e saque de bilhões de dólares em bancos estrangeiros priva o Estado venezuelano de seus recursos, essenciais para a aquisição de alimentos, remédios e material médico”, afirmou.