A Secretaria Executiva do Foro de São Paulo rechaçou nesta segunda-feira (18/10) a extradição do empresário Alex Saab, aliado de Caracas e funcionário diplomático venezuelano, de Cabo Verde, onde estava preso, para os Estados Unidos.
Em nota, o grupo afirmou que, com a medida norte-americana, o governo dos Estados Unidos “mais uma vez” demonstra “não respeitar o direito internacional, desconsiderando a imunidade de um representante diplomático”.
“Exigimos das autoridades judicias norte-americanas a imediata liberação e repatriação de Alex Saab”, disse o Foro de São Paulo. Com a extradição efetuada, Caracas alega que a vida de Saab corre perigo e promete levar o caso a instâncias jurídicas transnacionais.
A informação da extradição de Saab foi confirmada na noite de sábado (16/10) por seu advogado Manuel Monteiro. “Fomos informados de que Alex Saab foi colocado em um avião do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e enviado para aquele país”, disse.
Saab estava preso em Cabo Verde desde junho de 2020. Ele estava de viagem a serviço do governo da Venezuela e foi detido a pedido da Interpol durante uma parada técnica que o avião que o transportava realizou no país africano. Washington solicitava a extradição de Saab desde o ano passado. Segundo a defesa e o governo venezuelano, a medida é ilegal, já que o devido processo pela libertação do empresário não foi totalmente concluído em Cabo Verde.
Empresário colombiano naturalizado venezuelano, Saab é acusado pelos EUA de lavagem de dinheiro em uma operação de compra de alimentos no exterior para as lojas Clap, que fazem parte da rede de abastecimento alimentar da Venezuela. Há acusações contra Saab também na Colômbia.
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Presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, classificou a extradição como um ‘sequestro’
Além disso, o cidadão naturalizado venezuelano foi alvo de sanções por parte do governo norte-americano em 2019 e teve alguns bens congelados.
Por conta da extradição, o governo da Venezuela suspendeu sua participação na rodada de diálogos com a oposição que aconteceria neste domingo (17/10), no México. Em pronunciamento, Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e chefe da delegação venezuelana nas negociações, classificou o ato como um “sequestro” e disse que a ausência é uma forma de protesto, já que Saab integrava a equipe de negociações do governo.
O Foro de São Paulo, por sua vez, solicita que seja garantida a “integridade física e psicológica” de Saab, assim como esperam que se “reestabeleça o diálogo para superar esse infeliz e desastroso episódio de agressão internacional”.
“Esta agressão coloca em risco o importante processo de diálogo que ocorre no México entre o governo do presidente [Nicolás] Maduro e a oposição venezuelana, que segue de maneira complexa, mas efetiva”, defendeu o grupo.
Juristas também argumentam que a detenção e extradição de Saab seriam ilegais, já que ele estava viajando em missão diplomática da Venezuela. Em entrevista a Opera Mundi em 2020, na ocasião da prisão de Saab, o jurista brasileiro Pedro Serrano afirmou que a detenção do empresário poderia ser considerada “um sequestro”.