Rodrigo Granda, um dos principais comandantes do antigo grupo guerrilheiro Farc e um dos negociadores do acordo de paz com o governo colombiano, retornou à Colômbia nesta quarta-feira (20/10) após ser impedido de entrar no México pela Interpol.
Na saída do Aeroporto Internacional El Dorado, em Bogotá, na manhã desta quarta, Granda falou com a imprensa, classificou o ato como uma provocação do governo colombiano e disse que nunca chegou a ser preso como anunciado na noite de terça-feira.
“Não aconteceu nada de outro mundo, simplesmente seguem as provocações contra o processo de paz. Aqui no nosso país disseram que eu fui preso pelas autoridades do México, isso é falso”, disse Granda.
Membro do partido Comunes, força política que surgiu da dissolução das Farc, Granda viajou à Cidade do México junto com outras lideranças da legenda a convite do Partido do Trabalho mexicano para participar de um seminário político internacional que será realizado nos dias 21, 22 e 23 de outubro.
Regresó a #Bogotá el Firmante de Paz y delegado de la CSIVI componente @ComunesCoL, @RodrigoGCOMUNES , a quien se le negó ingreso a #Mexico, país al cual asistía a un seminario internacional dónde uno de los temas era la paz de #Colombia #FirmesConLaPaz pic.twitter.com/NiTzDNiO8v
— Csivi-Comunes (@CsiviComunes) October 20, 2021
Horas depois de aterrissarem em território mexicano, na noite desta terça-feira (19/10), os congressistas Carlos Lozada e Pablo Catatumbo, também ex-comandantes da guerrilha e atuais líderes do partido Comunes, disseram que Granda havia sido preso pela Interpol.
Ainda na noite de terça, o ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, afirmou que a suposta prisão de Granda havia resultado de um alerta internacional emitido pelo governo do Paraguai.
Reprodução/Comunes
Rodrigo Granda denunciou provocação do governo colombiano e negou ter sido preso no México
“A detenção do senhor Rodrigo Granda se deu por um alerta vermelho do Paraguai por sequestro, associação criminosa e homicídio doloso. Ratificamos que a Interpol Colômbia não tem faculdades nem tem cesso para modificar, esclarecer ou cancelar a informação publicada por outros países”, disse o ministro do governo Iván Duque.
Após a assinatura dos acordos de paz em 2016, diversas lideranças das Farc, como Granda, tiveram seus alertas internacionais suspendidos pelo governo colombiano.
Os parlamentares do partido Comunes denunciam o ato como uma violação dos direitos de Granda, já que eles viajaram com autorização do tribunal especial de paz (JEP), jurisdição especial que atende os envolvidos no conflito entre Farc e Estado colombiano. Segundo o partido, o presidente Iván Duque continua a “atacar o processo de paz”. “Respeite aqueles que acreditam na paz e cumpra seu dever de nos deixar participar da política”, apelou o partido
De acordo com Granda, todas as autorizações para sair do país haviam sido concedidas a ele, inclusive pelo escritório da Interpol na Colômbia.
“Pessoas muito influentes do governo da Colômbia, que não reconhecem os acordos de paz, ativaram uma ordem de captura arquivada. A JEP me deu permissão de saída e eu fui pessoalmente à Interpol aqui na Colômbia, tenho todos os documentos, não constava absolutamente nada”, afirmou Granda.
Granda foi uma das lideranças das Farc e era conhecido como o chanceler do grupo armado. Entre 2012 e 2016, atuou como um dos negociadores do acordo de paz em Havana, assinado com o governo do antecessor de Duque, Juan Manuel Santos.
*Com Télam