O presidente do Equador, Guillermo Lasso, deixou de comparecer nesta quarta-feira (20/10) a uma audiência solicitada pela Comissão de Garantias Constitucionais do Congresso do país, que investiga o envolvimento do mandatário com empresas em paraísos fiscais revelado pelos Pandora Papers.
Era esperado que o presidente direitista, sua esposa e seu filho comparecessem em audiência nesta quarta-feira para prestar esclarecimentos sobre os investimentos e seus rendimentos offshores, já que a prática é ilegal, desde 2017, para qualquer político que se candidatar à Presidência do país.
Em carta enviada ao presidente da comissão, José Cabascango, o presidente afirmou que “nem a Assembleia Nacional e nem a Comissão são órgãos competentes para investigar as causas relativas ao descumprimento da lei”.
Além de questionar a competência do órgão, Lasso voltou a negar qualquer ato ilícito e afirmou que pediu ele próprio uma investigação sobre os fatos à Controladoria Geral do Estado.
A audiência ocorre dois dias após Lasso decretar um estado de exceção no Equador sob a justificativa de combater o narcotráfico, medida que foi amplamente criticada pela oposição e por movimentos populares.
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Audiência em comissão legislativa era esperada dois dias após decreto de estado de exceção
Para o presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonardo Iza, o estado de exceção decretado pelo mandatário serve, na verdade, para impedir protestos de movimentos sociais contra o presidente e sua gestão.
A medida, que vale para todo o território nacional por pelo menos 60 dias, colocou as Forças Armadas nas ruas com ênfase nas regiões em que os índices de criminalidade são maiores.
Ainda de acordo com o decreto, o presidente deu proteção especial e imunidade aos agentes de segurança para, segundo ele, garantir que as “Forças Armadas ajam contra o crime”. “Daremos às forças o apoio necessário para agirem contra o crime. As Forças Armadas serão sentidas com força”, disse.
A ação do presidente também visa pressionar o Congresso para a aprovação de um pacote de reformar neoliberais proposto pelo Executivo.
No Parlamento, o direitista Lasso conta com o apoio de 35 dos 137 parlamentares, que estão analisando uma possível destituição do presidente a partir do Pandora Papers.