Neste domingo (24/10) a vila de Ma´alul teve as pedras da estrutura de uma antiga mesquita removidas. A agência de notícias palestina Ma´an publicou declaração do porta-voz do Movimento Islâmico dentro de Israel, Zahi Njeidat, condenando o vandalismo. Para ele, “os ataques oficiais de Israel contra locais sagrados funda as bases para tais crimes”.
Algo parecido ocorre no campo dos direitos políticos e civis, empurrado por uma série de leis que organizações palestinas acreditam querer minar seu status no interior de Israel. Em abril de 2010, o Centro Mossawa (Igualdade, em português) lançou o relatório “Um ano do novo governo de Israel e a minoria árabe em Israel”. Para seu diretor, Jafar Farrah, o problema é que há um conjunto de leis que leva a uma deslegitimização da comunidade árabe na esfera pública.
Na sexta-feira (23/10), Farrah deu entrevista ao OperaMundi, e apontou os principais pontos de piora para as comunidades árabe-palestinas dentro de Israel desde que o gabinete liderado por Benjamim Netanyhu, a coligação Likud/YisraelBeitenu/Shas, assumiu o governo, no início de 2009. A lei de lealdade ao “Estado judeu e democrático”, aprovada pelo gabinete de governo e em trâmite no Knesset, era apenas a última das políticas que constroem barreiras aos palestinos.
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Numa lista de três, um dos principais problemas para os palestinos dentro de Israel é a demolição de casas. Ele não contava Jerusalém Leste, terra ainda considerada parte de um futuro Estado palestino (como diz a letra da resolução 252 da ONU), mas que sofre formas de controle similares. No mesmo domingo em que a mesquita perto de Nazaré era vandalizada, a polícia israelense entrava em confronto com jovens palestinos em Silwan, bairro palestino da parte ocupada de Jerusalém. Segundo a edição online do jornal Haaretz, o confronto foi causado pela entrega de ordem de evacuação e demolição de quatro casas. Ali a prefeitura “indivisível” da cidade quer construir o centro turístico “O Jardim do Rei”.
O diretor do Centro Mossawa – que tem seu escritório no bairro árabe de Wadi Nisnas, em Haifa – falava na verdade da demolição de casas em Israel, mais especificamente de um caso recente no sul do país. Em duas semanas, a vila de el-Aqarib, localizada no Negev, “teve construções demolidas seis vezes durante dezesseis dias”.
A denúncia do Conselho Regional de Vilas não-reconhecidas em Israel a respeito do caso dizia: “a vila de el-Arabiq está entre Rahat e Beersheva, em uma localização que a Comissão Goldberg (criada pelo governo em 2007 para fazer recomendações sobre a questão dos beduínos, segundo o próprio site da Comissão) considerou fora de áreas permitidas aos árabes do Negev… uma área designada apenas a judeus… o JNF (Fundo Nacional Judeu) está plantando uma floresta nas terras das vilas – para assegurar que os beduínos não possam viver nas terras das vilas ou utilizá-las para agricultura. Os moradores voltaram-se às cortes israelenses, já que o JNF estava plantando esta floresta sob ordens do governo israelense, mas contra a lei israelense… o povo de el-Araqib ganhou a batalha na corte… mas na manhã desta segunda-feira (25/10) parece que o Governo de Israel começou uma guerra – do Governo contra seus próprios cidadãos”.
A data da declaração era de 26 de julho. Farrah passa a exata sensação de que o cerco está se fechando. A emenda de lealdade, por exemplo, atinge um grupo específico de cidadãos, os “árabe-palestinos de Israel, cujos cônjuges ‘não-judeus’ – palestinos dos Territórios Ocupados e de outros Estados árabes – são os que serão forçados a jurar a Israel como um ‘Estado Judeu e democrático’”. Ele explica que a nova emenda é um complemento à lei de 2003 de “Cidadania e Entrada em Israel”, que proibia a cessão de cidadania a palestinos de Gaza e da Cisjordânia no caso de se casarem com palestinos de Israel.
Originalmente, as regras seriam temporárias, mas em julho de 2009 ganharam sua nona renovação. Hassan Jabareen, diretor da Adalah (Centro Legal para os Direitos da minoria Árabe em Israel), afirmou em nota à imprensa que “a aprovação da lei de lealdade pode ser um passo inicial, já que declarações de lealdade a um Estado Judeu e democrático podem ser em breve requeridas de todos os novos ministros eleitos, membros do Knesset, trabalhadores do serviço social de Israel ou na hora de obter passaporte ou cartões de identidade”.
Para o diretor do Mossawa, o principal “feito” do atual governo é, na figura de seu ministro de Assuntos Exteriores Avigdor Lieberman, levar para arenas internacionais as políticas discriminatórias que moldam Israel. “Quando Lieberman fala abertamente na ONU sobre a troca de terras e população (28 de setembro), ou pede que a OLP (Organização pela Libertação da Palestina) reconheça Israel como um Estado judeu, ele leva o incitamento contra os palestinos à arena internacional. Isso é algo inédito, que nenhum outro governo israelense fez”.
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