O cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón, disse na tarde desta terça-feira (09/11) que a ilha não irá permitir manifestações antirrevolucionárias do país que estão sendo “financiadas” pelos Estados Unidos.
Em entrevista a Opera Mundi, o diplomata afirmou que a convocação para mobilizações no dia 15 de novembro violam as leis cubanas, pois são “marchas que têm o respaldo de uma nação estrangeira”, declarando ainda que existem “evidências” da “manipulação” norte-americana em tais atos.
Segundo Monzón, as “tentativas” de promoção de manifestações antirrevolucionárias “serão processadas”. “Estão fazendo uma marcha com uma nação estrangeira por trás. Não vamos permitir. […] Temos evidências de que a convocação está sendo manipulada e financiada pelos Estados Unidos, já que utilizam patrocínio da embaixada norte-americana”, disse.
Para ele, tais mobilizações “continuam querendo criar distúrbios” no país, justamente quando o governo planeja reabrir as fronteiras ao turismo após controlar os casos de pandemia da covid-19 em Cuba.
“[O dia] 15 de novembro foi selecionado pelos EUA e por cubanos que querem promover danos à abertura do turismo, que é um processo muito controlado”, afirmou.
Monzón criticou ainda a postura do governo norte-americano, declarando que o país quer “acabar com a independência” da ilha socialista. De acordo com o funcionário cubano, as pessoas que pretendem ir às ruas, estarão lá “pelos Estados Unidos, para vandalizar Cuba”.
“Todo sabemos que se trata de uma 'guerra híbrida' para derrubar governos, como da Nicarágua, Venezuela, Síria, etc.”, apontou o cônsul. Após as primeiras manifestações antirrevolucionárias de julho em Cuba, o governo acusa os Estados Unidos de implementarem uma “operação de comunicação em grande escala” para desestabilizar a ilha e reforçar protestos liderados por oposicionistas.
Fotos Públicas/ Cubadebate
Para o funcionário cubano, os Estados Unidos ‘querem acabar com a independência de um país’
Na ocasião, o chanceler Bruno Rodríguez chegou a afirmar que os EUA aproveitaram a pandemia para executarem ações de seus interesses, utilizando-se de “mentiras, calúnias e manipulação de dados”, de forma “imprudente e obscena”, com o objetivo “de mobilizar, convocar, incitar e manipular as pessoas”.
Reabertura das fronteiras
Para o dia 15 de novembro, o governo cubano se programa para reabrir suas fronteiras ao turismo no país. Segundo o cônsul-geral, houve uma série de medidas sanitárias na ilha para que o processo seja bem sucedido. Cerca de 80% da população do país foi vacinada contra a covid-19, usando imunizantes próprios, por exemplo.
Àqueles que irão viajar ao país, o teste PCR será eliminado na entrada da fronteira, sendo necessário, no entanto, apresentar certificado que comprove a vacinação. Quem não apresentar o documento, deve portar um exame com resultado negativo antes de chegar em Cuba.
“O turismo serve para autofinanciar e crescer o setor no país. Assim como, serve para manter o sistema de saúde, a educação e outros pontos sociais que caracterizam nosso país. O turismo é fundamental, sendo talvez a área mais importante que a pandemia afetou”, disse Monzón.
De acordo com o cubano, o turismo auxilia a economia do país, que é prejudicada pelo bloqueio unilateral dos Estados Unidos. “Cuba está tomando muitas medidas para poder sobreviver ao bloqueio […] muitos países, inclusive ricos, não resistiriam a dois meses de bloqueio. Nós, há mais de 60 anos, resistimos com esforço, com criatividade e o dinheiro vai para o povo cubano”, afirmou o diplomata.
Ainda segundo Monzón, o Ministério do Turismo estuda as possibilidades de disponibilizar a imunização contra a covid-19 aos turistas. O cônsul-geral declarou que a produção das vacinas é suficiente para seguir com o plano, mas dependerá da “distância de vacinação entre uma dose e outra”, podendo ser utilizado a dose de reforço.