Os candidatos do chavismo para as eleições regionais na Venezuela encerraram suas campanhas eleitorais nesta quinta-feira (18/11) com mobilizações e atos em diversos Estados do país. Em Miranda, o atual governador e candidato à reeleição, Héctor Rodríguez, se reuniu com centenas de apoiadores e algumas autoridades do governo em Petare, bairro periférico de Caracas.
Com um discurso otimista e repleto de críticas à oposição, Rodríguez mencionou as sanções impostas ao país pelos Estados Unidos e a crise econômica venezuelana, trazendo problemas de nível nacional à disputa pelo governo do Estado e reafirmando a importância que a votação em Miranda terá no próximo domingo (21/11), quando os venezuelanos irão às urnas.
“Nós ganhamos o Estado no momento mais difícil que esse país já atravessou, em meio ao bloqueio criminoso dos Estados Unidos e em meio à pandemia da covid-19, mas o povo chavista enfrentou esses problemas de peito aberto”, afirmou o governador.
O Estado é considerado estratégico tanto para o chavismo quanto para a oposição, já que é o segundo mais populoso e faz divisa com o Distrito Capital.
Desde 1989, Miranda teve apenas dois governadores chavistas. Rodríguez, que foi eleito no último pleito regional realizado em 2017, encerrou oito anos de governo de direita na região. Antes dele, o atual vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, foi governador entre os anos 2004 e 2008.
“Miranda era o Estado da intolerância, eles não governavam para os jovens, para o povo, eles só queriam usar nosso Estado para fazer sua política de ódio e chegar ao Miraflores (sede da Presidência venezuelana)”, disse.
Acompanhado do presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, e da vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, o atual governador ainda falou sobre a decisão da direita de participar dessas eleições após seis anos sem concorrer a cargos públicos, dizendo que o retorno desse setor à disputa política é uma “vitória do povo”.
Reprodução/ @HectoRodriguez
Candidato à reeleição, Rodríguez se reuniu com apoiadores e algumas autoridades do governo em bairro periférico de Caracas
“O simples fato da oposição estar participando das eleições já é uma vitória do povo, do chavismo, porque o povo forçou que eles abandonassem as guarimbas (protestos violentos de 2017). Então, aconteça o que acontecer, nós já ganhamos”, disse.
Após brigas, direita tenta unidade
A disputa em Miranda também ficou marcada por divergências internas dentro do campo da direita. Até a primeira semana de novembro, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão que reúne os maiores partidos de oposição do país e que não participa de uma eleição desde 2015, ainda não tinha um candidato claro para o pleito.
Carlos Ocariz, ex-prefeito do município de Sucre e membro do partido Primeiro Justiça (PJ), havia se apresentado como candidato da direita para a disputa no Estado, entrando em conflito com a candidatura de David Uzcátegui, ex-vereador que já foi membro do PJ e que agora é dirigente do partido Fuerza Vecinal.
A MUD buscava unidade em torno de uma candidatura opositora no Estado. Entretanto, o que se viu durante semanas de campanha foram ataques mútuos entre os dois candidatos até que, no dia 11 de novembro, Ocariz desistiu da disputa.
A direita, então, vai representada por Uzcátegui, que percorreu as ruas de municípios importantes de Miranda nesta quarta-feira (17/11). Com a palavra de ordem “acima e à direita”, o candidato do Fuerza Vecinal promete combater a “ausência” do atual governador e aposta no fortalecimento de parcerias com o setor privado.
“Lamentavelmente, o governo aplica um modelo perverso, mas nosso modelo é diferente, queremos uma economia privada robusta. Eu percorri a Miranda profunda e sei que vem aí um voto de castigo para o governo”, afirmou Uzcátegui.