A Venezuela vai renovar mais de 3.000 cargos regionais, entre governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores nas eleições regionais que se realizam no país neste domingo (21/11).
Esta é 29° eleição no país desde o início do século 21. Apesar de regional, esse pleito vem acompanhado de elementos políticos de nível nacional e reflete diversas tensões internacionais que envolvem o governo do presidente Nicolás Maduro.
Em conferência realizada em Caracas neste sábado (20/11), na qual Opera Mundi esteve presente, o mandatário venezuelano deixou clara a importância da votação para o Executivo, afirmando esperar resultados positivos para o chavismo.
“Essas eleições, que são um teste interessante para os candidatos locais, são uma oportunidade de ouro para garantir que, nos próximos anos, se abram as portas da estabilidade política e da prosperidade econômica”, disse Maduro.
Pela primeira vez após seis anos, o setor da oposição de direita ligado ao ex-deputado Juan Guaidó vai participar de um processo eleitoral. A decisão, fruto de acordos alcançados entre o governo e a direita na mesa de negociações instalada no México em setembro, pode conferir à votação deste domingo um caráter de termômetro do apoio popular tanto do chavismo, quanto desse setor da oposição.
Com a legenda MUD (Mesa de Unidade Democrática), a direita de Guaidó espera conquistar governos de Estados e prefeituras, retirando a hegemonia que o chavismo possui – atualmente, o PSUV governa 19 dos 23 Estados e mais de 300 das 335 prefeituras. Além disso, a MUD espera manter os quatro Estados que já governa: Anzoátegui, Mérida, Nueva Esparta e Táchira.
Outro fator que reflete a importância nacional que o pleito deste domingo adquire é o fato de que a Venezuela tem eleições presidenciais previstas para o ano de 2024, sendo que as eleições regionais são as últimas antes da presidencial.
Embora não tenha mencionado o futuro pleito de 2024, Maduro criticou Henrique Capriles, ex-candidato à Presidência nas últimas eleições de 2017, e disse que a oposição deve participar do processo.
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Votação na Venezuela começou às 6h, hora local (7h no Brasil)
“As famílias Capriles e Maduro chegaram no mesmo período à Venezuela, no século XIX, e vêm brigando desde esse tempo. Isso é uma brincadeira, claro, eu não sei se Capriles será candidato, provavelmente sim porque tem experiência, já tentou 4 vezes”, disse o presidente.
União Europeia
Para esse pleito, a União Europeia enviou uma missão de observação eleitoral composta por deputados do Parlamento Europeu. É a primeira vez em 15 anos que o bloco terá uma missão acompanhando um processo eleitoral na Venezuela, decisão que foi tomada por acordos alcançados na Mesa de Diálogo.
A presença da UE no país serviu para que surgissem tensões entre o governo venezuelano e o bloco europeu. O primeiro atrito entre Bruxelas e Caracas ocorreu ainda em outubro, quando Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco, disse que enviaria uma missão de observadores para “acompanhar” a oposição e que a presença das autoridades europeias seria “uma garantia maior para eles”. Além disso, o chefe da diplomacia da UE havia afirmado que o informe final que será redigido pelos observadores do bloco irá “legitimar ou deslegitimar” o governo do presidente Nicolás Maduro.
O mandatário venezuelano, na conferência deste sábado, também fez comentários sobre as declarações de Borrell, pedindo que os membros da UE que estão no país “respeitem a realidade nacional da Venezuela”.
“Algum observador internacional pode dar um veredito de validade de qualquer eleição em qualquer parte do mundo? Isso são os velhos complexos colonialistas que pretendem humilhar os países pela via da chantagem midiática, econômica, e nos impor um modelo de hegemonia de governo que eles inventaram”, afirmou.