Um naufrágio no Canal da Mancha deixou ao menos 31 mortos nesta quarta-feira (24/11) durante uma travessia da França para o Reino Unido. A informação foi confirmada pelo ministro do Interior francês, Gérald Darmanin. Ao menos duas pessoas foram resgatadas.
Segundo o ministro, um pescador havia relatado a descoberta de 15 corpos flutuando pela costa francesa “inconscientes ou mortas” por volta das 14h (10h no horário de Brasília). O primeiro-ministro francês, Jean Castex, classificou o ocorrido como “uma tragédia”.
“Os meus pensamentos estão com todos os desaparecidos e feridos, vítimas de contrabandistas criminosos que exploram o seu desespero”, declarou.
Por sua vez, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, declarou que “agora é a hora de todos nós avançarmos, trabalharmos juntos e fazermos tudo que pudermos para impedir essas gangues que estão escapando impunes de um assassinato”.
Já o grupo Stand Up To Racism (Enfrentar o Racismo, em tradução livre) disse que a polícia governamental é a culpada pela “tragédia” desta quarta. “O ambiente hostil e racista do governo [britânico] e seu último ataque a refugiados e migrantes no Projeto de Lei da Nacionalidade e Fronteiras levaram e levarão ao horror e à tragédia com perda de vidas”, afirmou a organização.
O grupo também convocou um protesto intitulado “Não os deixe se afogar – Refugiados são bem-vindos”, em tradução livre. O ato será em frente à sede do governo britânico, no sábado (27/11).
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No dia 15 de novembro, cerca de 1,2 mil pessoas atravessaram o Canal da Mancha em 24 horas
Já Beth Gardiner-Smith, diretora da Safe Passage International, pediu à ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, que renunciasse “imediatamente”.
“A trágica verdade é que essas mortes poderiam – e deveriam – ter sido evitadas. Ninguém deve ter que arriscar sua vida para alcançar a segurança. Todos os dias, homens, mulheres e crianças estão tendo que fazer esforços extraordinários para alcançar segurança, santuário e entes queridos aqui no Reino Unido, porque não há outra maneira”, declarou.
Gardiner-Smith disse ainda que “para evitar uma repetição desta tragédia, os refugiados precisam urgentemente de rotas seguras para chegar aos seus entes queridos, encontrar refúgio e ter a chance de reconstruir suas vidas”, afirmando ainda que o governo deve descartar a “inviável” Lei de Nacionalidade e Fronteiras.
No último sábado (20/11), 243 migrantes que tentavam chegar à Inglaterra foram resgatados ao largo de Calais. De acordo com o jornal britânico The Guardian, no dia 15 de novembro, cerca de 1,2 mil pessoas atravessaram o Canal da Mancha em 24 horas, um recorde histórico. Desde o começo do ano, 23 mil imigrantes fizeram a travessia, quase nove mil a mais do que em 2020.
(*) Com Ansa.